segunda-feira, outubro 31, 2005

Mais uma da roça

1021. Discreto, ele assunta tudo, mas não divulga nada. (j. novelino)

domingo, outubro 30, 2005

Cultura completamente inútil

Depois de editar os microcontos estatíticos, fui à web para ver o que há sobre curva normal. Encontrei as costumeiras informações sobre distribuição. Encontrei tembém uma informação curiosa: notas de marco - moeda que até pouco tempo era a grana da Alemanha - homenageavam Carl Friedrich Gauss, o inventor desse conceito tão comum e importante em estatística. Sei que ninguém vai correr atrás da informação original. Mas, de qualquer forma, informo que a mesma pode ser encontrada em:

http://www.willamette.edu/~mjaneba/help/normalcurve.html

Microcontos estatísticos

A estatística parece fria. Mas seu vocabulário pode incendiar nossa imaginação. Leiam os microcontos que seguem e vejam se não tenho razão.


1011. Ela ficou molhadinha quando o professor anunciou a nova matéria: correlação múltipla. (j. novelino)

1012. Conservador, ele nunca foi além das medidas de tendência central. (j. novelino)

1013. Quando finalmente compreendeu o conceito de curva normal, ela começou a fazer regime. (j. novelino)

1014. O moralista adora calcular desvio padrão. (j. novelino)

1015. O velho pesquisador sempre acha um motivo para trabalhar com ANOVA. (j. novelino)

1016. Solange, nos tempos da ditadura, quis proibir intervalos de classe em livros de estatística. (j. novelino)

1017. Como faz média, o estatístico não é levado a sério. (j. novelino)

1018. Perua, na mediana, ficou feliz ao saber que estava também na moda. (j. novelino)

1019. Co-variam harmoniosamente, ambos sempre chegam juntos ao orgasmo. (j. novelino)

1020. Desenha histogramas, mas sonha que é arquiteto de edifícios da Avenida Paulista. (j. novelino)

Eliane pós 1000

Numa série sobre desencontros, nossa amiga Eliane - atualmente em Angola - volta a comparecer para ajudar na pós meta dos mil e tantos.

1007. Desculpem-me, mas em terra de cego quem tem um olho continua caolho. (Eliane Camargo)

1008. Cada um mais doido que o outro, ali o melhorzinho gritava na frente dos clientes. (Eliane Camargo)

1009. Olhou sem saber se ria ou se chorava, por fim chorou de tanto rir. ( Eliane Camargo)

1010. Cirurgião adora cara feia, é sempre um cliente potencial. (Eliane Camargo)

sexta-feira, outubro 28, 2005

MIL E TANTOS

Continuo a me lembrar de histórias da roça. Mesmo depois dos mil feitos, as velhas coisas da vida sertaneja continuam a insistir em lembranças do meu tempo de menino. Publico aqui algumas delas para mostrar que mil é pouco. Podemos sonhar com mil e tantos.

1001. Corajoso, o menino sai à noite para o terreiro e enfrenta a assombração que assusta sua mãe. (j. novelino)

1002. O moleque espera quieto que o busca-pé vá atrás de alguém mais afobado. (j. novelino)

1003. Segunda ela lavou os cabelos com sabão de cinza. Sábado vai ser seu primeiro baile. (j. novelino)

1004. O capado, muito gordo, gritava sem parar. A faca, muito curta, não chegava até o coração do bicho. (j. novelino)

1005. Ele carrega a cartucheira antes de ir conversar com o vizinho que toca a mesma lição de sanfona sem parar. (j. novelino)

1006. Não sabe dançar. Por isso foge de todos os ternos de congada na semana do Natal. (j. novelino)

segunda-feira, outubro 24, 2005

MIL. É MIL! MIL.

Chegamos. É mil. Mil microcontos. E, como verão, a milésima história não comemora, pois com ela cessa o desafio. Por outro lado, mil histórias não é pouca coisa não. Quando o Zeca propôs esse desafio achei que a meta seria muito mais difícil.

No processo, descobrimos novos autores, e todos aprenderam a escrever grandes histórias sem gastar muitas letras.

Assim, apesar do tom de fim de festa da história mil, precisamos comemorar mil vezes o nosso feito. Parabéns para todos nós.

1000

Tinham uma meta. Mil. Melhor se não tivessem, continuariam.

(Senir Fernandez)

Senir: 997. 998, 999.

997. Estavam no meio. Da vida. Do oceano. Da mata. Dividiram tudo meio a meio, num quarto. (Senir Fernandez)

998. Eram atletas. Era tudo ou nada. Ela não foi e ficou, contudo. Ele nadador, nada. (Senir Fernandez)

999.

Era só o começo, enfim.
Ela queria, ele queria
Mas teve um tropeço, e fim.


(Senir Fernandez)

Novelino no 996

996. Com qualquer roupa, sempre se veste para passar uma mensagem: "me chamem de gostosa". (j. novelino)

Com mais três do Chico: 995.

993. Eu disse SIM para confirmar o NÃO. Mas ganhou o NÃO que significava um SIM. É a contradição pacífica desta guerra. (Chico de Moraes)

994. A menina bonita usava um boné rosa e tinha a alma tão pura como só as muito safadas conseguem ter. (Chico de Moraes)

995. Chovia. Metade do céu era iluminada por uma lua cheia de chamar lobisomem. Na outra metade, brilhavam relâmpagos que ligavam trovões. No iPod, jazz. (Chico de Moraes)

Zeca no 992

992. Não podia dar certo. Era diretor da cheche mas chama-se Herodes. (Zeca Ildefonso)

domingo, outubro 23, 2005

Uma novena

Senhores autores e senhoras autoras, chegamos à prova dos nove. Com novas regras: nove dentro, bingo! O milhar está logo ali. São precisos apenas mais nove contos. Procurem musas e musos. Rezem uma novena. E me mandem uma história. Umazinha só. Não deixemos os mil contos para novembro.

Pelarin no 991






991. Piscina, boa companhia, caipirinha de vodka, tira-gostos variados. Tudo perfeito. Só faltou o sol. (P. Pelarin)

sábado, outubro 22, 2005

Meta dos dez

Temos nova meta: dez microcontos. Os autores não precisam mandar uma dezena. Basta uma simples unidade. Tá na hora do Senir, Pelarin, Chico, Gil, Zezé, Kuller e outros mais mandarem pelo menos unzinho. Caso os autores habituais e com direito a numeração não comparecerem, apelo aos convidados para darem uma mão. Se não pudermos alcançar a meta logo, espero que a Fátima, o Júlio, o Luis e demais leitores-autores mandem alguma história para que a gente possa manter uma média de duas ou três postagens semanais.

PS: um levantamento informal junto a meus alunos e dados da Folha de hoje me mostraram que o SIM vai perder amanhã. Uma pena! Vamos ter de esperar muitos anos ainda para alcançar um pouco mais de civilização com o banimento de armas de fogo.

Mais uma história da roça

990. Ramos bentos queimam na porta da cozinha. Dona Nenê encolhe-se perto do rabo do fogão e reza para escapar dos raios. (j. novelino)

quinta-feira, outubro 20, 2005

Cena política

989. O velho militante está perplexo. Antes, enganos fonéticos igualavam PT a PP. Agora, ambos os partidos são um mesmo ente semântico. (j. novelino)

quarta-feira, outubro 19, 2005

Microcontos deprês

987. Após o derrame, as lembranças ruins ainda o perseguem apesar da perda total de memória. (j. novelino)

988. Voltou do velório. Está feliz. Morreu sua última paixão não resolvida. (j. novelino)

terça-feira, outubro 18, 2005

Guima manda três histórias

Nosso amigo Guima cometeu seus três primeiros microcontos. Na mensagem de remessa alega que se embaraça com as letras e não sabe muito bem se pegou direito a idéia. Como vêem, o rapaz é um poço de auto-crítica. Mas deixemos de prosa, interessam aqui as histórias mínimas do Guima.

984. Ele, como professor, sempre foi muito otimista e dizia: se eles não aprenderem, não se preocupem; burro não aprende, acostuma. (Sebastião Gimarães)

985. Como pai, ele era muito prático. Aconselhava os filhos: "explorem os amigos, os inimigos não nos deixam". (Sebastião Guimarães)

986. Não gosto do que fazem os políticos. Gosto mais do meu gato. Ele faz melhor e, ainda, joga terra por cima. (Sebastião Guimarães)

segunda-feira, outubro 17, 2005

Uma dezena de Don Pablo

974. Sonhava coisas tão lindas! Os lençóis amanheciam úmidos de desenhos surrealistas. (Pablo Rico)

975. O bebê engoliu a gelatina e fez cara de choro. Era um produto dietético consumido pela mãe. (Pablo Rico)

976. Desenhava cenários com grande habilidade, mas na hora de pegar no batente mudava de firma. Apresentava-se como consultor. (Pablo Rico)

977. Recebeu duas chicotadas na lomba. Deleitou-se. Com mais um par de bofetadas teria atingido o orgasmo. (Pablo Rico)

978. Foi visitá-lo. Estava todo coberto com um lençol branco. Voltou arrependido de ter ido. (Pablo Rico)

979. Na sua quase primeira vez, aos 13 anos, ficou desconcertado. Ela pediu que ele falasse coisas românticas ao ouvido. (Pablo Rico)

980. Entre urina, sangue e fezes vens ao mundo - falou o profeta carrancudo. Nada, porém, que um bom banho não resolva. (Pablo Rico)

981. Fez sucesso entre as terráqueas com seu membro flexível mas consistente como uma tromba de elefante. (Pablo Rico)

982. O bem criou raízes no mal. Ficou impossível separá-los na hora da colheita. (Pablo Rico)

983. Passava das cinco. Teria seu amor partido de trem? Voltaria trazendo-lhe o cheiro da terra visitada? (Pablo Rico)

Novo velho amor

973. Sua nova paixão é uma memória de quarenta anos. Mas a foto dela está irremediavelmente perdida. (j. novelino)

domingo, outubro 16, 2005

Em busca dos autores perdidos

Mais de vinte autores qualificados para produzirem MC's com o objetivo de chegar a um conjunto de mil e poucas histórias mínimas frequentam este blog. Há, é claro, mais gente que preenche os requisitos de autores com direitos plenos. Ontem, por exemplo, encontrei o Guima (Sebastião Guimarães), companheiro de muitos anos no Senac e autor de diversos livros técnicos e de algumas histórias de ficção científica. Convoquei-o para a tarefa. Vamos ver se ele comparece. De qualquer forma, se alguém quiser incentivá-lo, aqui vai a direção de e-mail dele: guimaraes@tgtreinamento.com.br .

Além do Guima, existem outros autores que ainda não compareceram . O Daólio, por exemplo. Será que o Senir tem como fazer contato com ele?

Finalmente, os autores que já frequentaram este espaço precisam continuar a comparecer com mais microcontos. Caso contrário terminaremos nossa história na casa dos novecentos contos. Única vantagem: acho que isso pode ser tema de um conto.

Contistas com mais de mil histórias resolvem parar de escrever para não chegarem à meta; o que eles sempre quiseram foi perseguir, não atingir o objetivo de um milhar de contos. (j. novelino)

Pena que essa história não possa ser contada na conta dos mil contos, ela tem mais de 150 caracteres!

Perdidos num mar de informação

Especialidades médicas

Para não ficar num minguado acréscimo de apenas mais um MC neste fim de semana, vai aqui uma outra história:

972. O oftalmologista quis ser clínico geral quando se pôs a examinar aquela loira gostosa. (j. novelino)

Frango Assado

On the road

971. Tem uma estranha mania: vai sempre ao Frango Assado para flertar as galinhas que por lá aparecem. (j. novelino)

segunda-feira, outubro 10, 2005

Outras quatro histórias da roça

967. Agora o menino tem onde guardar seus tesouros; achou uma lata vazia de Toddy. (j. novelino)

968. Preferem passar fome. O estômago embrulha assim que sentem o cheiro da comida que a mãe trouxe da casa da patroa. (j. novelino)

969. Invernou. A chuva já dura três dias. Eles não têm mais uma muda de roupa seca. (j. novelino)

970. Ele troca uma ferroada de marimbondo-chapéu por dez ferroadas de marimbondo-chumbinho. E ainda leva vantagem. (j. novelino)

Nova dezena do Seabra

957. No emprego o ambiente era estressante; tinha que fazer média o dia todo. Pra compensar, na padaria sempre pedia em copos separados o café e o leite. (C. Seabra)

958. Seu Ermelindo roncava tão alto que ele mesmo em seus sonhos não conseguia dormir.
(C. Seabra)

959. Desde a contratação do novo salva-vidas, aquele rapagão forte, os casos atendimentos de socorro na praia tinham aumentado imensamente. (C. Seabra)

960. O pequeno órfão da rua busca a mãe em qualquer um que lhe estenda a mão e procura o pai em todos os que lhe dão o pão. (C. Seabra)

961. Noite após noite, ela escapou da decapitação. Mil e uma vezes teceu mundos com sua
narração. (C. Seabra)

962. Os decapitados andavam sobre as mãos ou arrastavam-se de joelhos. Era um pesadelo sem pés nem cabeça. (C. Seabra)

963. Maria Rita arrancou os olhos de sua boneca. No lugar colocou os que tirou do irmão. (C. Seabra)

964. Numa tarde sem vento, de onde vinham tantas ondas naquele lago calmo? Um bote com dois namorados fornecia, mudo, todas as respostas. (C. Seabra)

965. Arlete esperava o avião. Todos foram pousando, só o de seu namorado não. (C. Seabra)

966. O ministro da economia vivia com prisão de ventre mas recusava-se, por princípio, a tomar laxante. (C. Seabra)

Cinco do Zé Kuller

952. Mandacaru fulorou na serra. Menina, pensa em namorar. A vó não deixa. Moça, namorou muito. Hoje vigia, com um pouco de saudade, a neta a namorar. (Zé Kuller)

953. Antes era o herói. Depois deixou de perguntar sobre a vida. Perdeu-se no mundo. Lembra-se sempre dela. Gostaria de voltar o ser o seu brinquedo preferido. (Zé Kuller)

954. Falava-se da cena de sangue em um bar da São João. Voltou-se. Ela estava entrando. Sabia que era o último encontro. (Zé Kuller)

955. No dia do pagamento a sua carteira foi roubada. Foi com ela a fotografia do primeiro amor. Foi cara a perda da lembrança do passado. (Zé Kuller)

956. Tudo em detalhes! O olhar, o anseio, o beijo, o toque. Depois a cama e o esquecimento. Ela nunca mais voltou. (Zé Kuller)

segunda-feira, outubro 03, 2005

Senhor de respeito na Internet

951. Ele pensou duas vezes antes de entrar naquele site. Sua esposa poderia chegar a qualquer momento. (Chico de Moraes)

Magic dragon caipira

950. Nóis bebe e cai. Mas se nóis fumo, nóis viaja. (Senir Fernandes)

Mais histórias da roça

942. Enquanto apanha algodão, ela sonha com um vestido de seda que nunca terá. (j. novelino)

943. O patrão agora paga salário. Mas inventou de cobrar pela tapera onde moro, levando metade do ganho em aluguel. (j. novelino)

945. De cócoras, ele pica um fumo e assunta o tempo. Está com jeito de chuva; o feijão pode apodrecer no pé. (j. novelino)

946. Era muito bonita. Não quis apanhar café e casar-se menina. Foi fazer a vida na zona da Rua do Comércio. (j. novelino)

947. Quebrou milho o dia inteiro. O carinho de sua mão cansada e grossa fere o rosto do menino mais novo. (j. novelino)

948. A cesta pendurada na travessa do teto acomoda mais um de seus filhos, o quinto a não ter berço. (j. novelino)

949. O anil não consegue disfarçar a origem do tecido de suas calças de menino pobre: um saco de farinha. (j. novelino)

Zezé cinematográfica

939. Uma idéia na cabeça. Uma câmera na mão. Uma merda na tela. (Zezé Pina)

940. Seu João nunca entrou num cinema, porém sabe de cor os sucessos da temporada. Os saquinhos de pipoca vendidos não lhe deixam nenhuma dúvida. (Zezé Pina)

941. Era a primeira vez que iam ao cinema. Quis impressionar a garota, escolheu um filme chinês sem legendas. Nunca mais se viram. (Zezé Pina)

Outros três do menino de Itirapina

936.
- Mãe, terminei! Pode vir me limpar.
- Parabéns, Severininho. Bela obra!

(Chico de Moraes)

937. Zoeira maior nunca se viu. Foi uma briga federal. No Congresso Nacional, em Brasília. (Chico de Moraes)

938. Pela ética, ele estava perigosamente posicionado entre o "meio virgem" e o "meio grávido". (Chico de Moraes)