Dez outros do Seabra
301. Os habitantes daquele planeta iam a templos, que eram salas escuras, carregando pipocas e refrigerantes para suas oferendas. (C. Seabra)
302. O náufrago na ilha deserta agora só tinha os olhos no céu, onde as nuvens desenhavam tudo o que ele precisava. (C. Seabra)
303. Na noite da cidade, as janelas acesas e apagadas dos prédios formavam códigos ainda não decifrados. (C. Seabra)
304. A múmia saiu de seu sarcófago e, atravessando a tela do cinema, colocou a todos em alucinada fuga. (C. Seabra)
305. Nas férias, a chuva no asfalto duplicava a cidade, o céu e seus prédios, refletidos nas ruas molhadas sem trânsito. (C. Seabra)
306. Era um amor proibido. Ela era histérica e ele deprimido. (C. Seabra)
307. A natureza odeia o vácuo. Coitada daquela gorda bunda, que ficou presa pela sucção na privada do avião. (C. Seabra)
308. O assunto do bairro todo naquela semana era o casamento do padre com o travesti. (C. Seabra)
309. Pela última vez, escreveu seu nome na orla da praia e ficou vendo as ondas o apagarem para sempre. (C. Seabra)
310. As chamas queimaram tudo. Nos escombros do prédio, aquela privada, branca e reluzente, não fazia o menor sentido. (C. Seabra)
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