segunda-feira, junho 20, 2005

Nova dezena do Seabra

572. Seus olhos percorriam as costas desnudas dela, onde liam tantas histórias que o faziam divagar... (C. Seabra)

573. Ele era um operário padrão. Levantava furiosamente as paredes de tijolos porque a mãe nunca tivera mais que um barraco. (C. Seabra)

574. Acidente na estrada. Os que passam agradecem por não ter sido com eles. (C. Seabra)

575. Juca mordia as pernas da dona pois gostava de morder tudo o que lhe pertencia. (C. Seabra)

576. Foi sua primeira vez num restaurante japonês. Assustou-se com o guardanapo cozido e o peixe cru. (C. Seabra)

577. O decadente cineasta não fazia mais filmes. Agora colocava o que ainda lhe sobrava de talento para fazer patéticos discursos na TV. (C. Seabra)

578. Sentada no túmulo, como se estivesse num jardim, a jovem viúva lia poemas para o que tão cedo a abandonara. (C. Seabra)

579. Era quando ia ao banheiro que o rei, sentado em seu privado trono, gostava de cagar regras para os súditos. (C. Seabra)

580. Baco estava bêbado e Afrodite no cio. Naquela noite, os deuses no Olimpo não conseguiram descansar. (C. Seabra)

581. Quando ele descobriu que a namorada tinha um vibrador, ficou indignado, sentindo-se um corno eletrônico. (C. Seabra)