sexta-feira, junho 24, 2005

Carlos Seabra: é dez!

Ensina a psicologia da percepção que vemos por meio de padrões. Ou, dito de outra forma, impomos padrões à chamada realidade. Pelas remessas de microcontos a este blog, pode-se concluir que diferentes microcontistas produzem dentro de certos padrões: Eliane, em série; os Z´s, em trincas; Erre Erre, quase sempre em quadras; e o Seabra, em dezenas. Assim, consistentemente, aqui está mais uma dezena do Seabra.

617. As borboletas eram tão lindas e coloridas! Pena que não voavam nem viviam, todas espetadas com alfinetes num quadro. (C. Seabra)

618. Abre a boca e olha o aviãozinho! Ele abriu e comeu tudo, mas alguns passageiros ainda ficaram presos em seus dentes. (C. Seabra)

619. Ele adormeceu lendo alguns contos de Augusto Monterroso. Quando acordou, a sogra ainda estava lá. (C. Seabra)1

620. O novo aparelho garantia orgasmos sem fim. Exausta, sem mais forças, ela ainda tentou achar o botão de desligar. (C. Seabra)

621. Deixou o carro com o manobrista e foi-se embora. Horas mais tarde, quando se lembrou, não conseguiu evitar o vexame na delegacia. (C. Seabra)

622. O louco no alto da montanha mascava cactos alucinógenos. Quando desceu, formou-se em direito e hoje é um digno promotor. (C. Seabra)

623. Nabucodonosor era um boi que pastava na Babilônia. Hoje, como touro reprodutor, faz o maior sucesso em Goiânia. (C. Seabra)

624. Os demônios olhavam para ele com olhos amarelados. Abriu sua alma e, quando viu o olhar deles ficar verde, soube que estava salvo. (C. Seabra)

625. Um sátiro de bacanais, uma messalina dos carnavais e cinco duendes infernais, aquele sonho foi demais! (C. Seabra)

626. Num momento normal de si mesmo, olhou-se para dentro e descobriu que há muito tempo não se via. (C. Seabra)