quarta-feira, junho 15, 2005

Uma dezena de Carlos Sabra

510. O maior fetiche do ceguinho tarado era poder ser voyeur. (C. Seabra)

511. No meio do combate ao crime internacional, o agente secreto teve que parar tudo e obedecer o comando de sua mãe para jantar. (C. Seabra)

512. De tanto aplicar multas, o guarda de trânsito adquiriu uma lesão de esforço repetitivo. (C. Seabra)

513. O velho general, na cama, sonhava com todas as guerras que nunca travara mas para as quais toda a vida se preparara. (C. Seabra)

514. Apague a luz, pediu ela. Me dá um beijo, ele pediu. E para todo o resto não precisaram de mais palavras. (C. Seabra)

515. No feriado prolongado a cidade vazia estava tão calma como uma aldeia na hora da sesta. (C. Seabra)

516. Ela recebeu um buquê de rosas. Um espinho perdido tirou-lhe uma gota de sangue, que se escondeu vermelha entre as pétalas. (C. Seabra)

517. No leito seco do rio, tristes pescadores sem sustento. Mas o choro das nuvens, compadecidas, lhes traz novo alento. (C. Seabra)

518. Ela era negra e ele judeu. Ela era católica e ele ateu. Ele engordou e ela emagreceu. (C. Seabra)

519. O colesterol não lhe deixava comer queijos, o diabetes lhe proibia os doces. Ainda bem que trepar não tinha restrições! (C. Seabra)