Dez outros microcontos do Seabra
1036. A enfermeira aplicava injeções tão bem que os elogios a seu trabalho eram abundantes. (Carlos Seabra)
1037. Ele levantou o traseiro da cadeira mas os juros continuaram a tomar-lhe a dianteira. (Carlos Seabra)
1038. Ele ainda não estava preparado para a inclusão digital e ficou com o analógico a lhe doer. (Carlos Seabra)
1039. Nua na varanda, ela louvava a lua cheia, acompanhada por dezenas de olhos, atrás das janelas de luzes apagadas da vizinhança. (Carlos Seabra)
1040. O chapeleiro maluco dava pulos de alegria quando chegava seu melhor cliente, um verdadeiro bicho de sete cabeças. (Carlos Seabra)
1041. Apesar de agora ele ser um príncipe, ela sempre ficava com um gosto de batráquio na boca após cada beijo. (Carlos Seabra)
1042. Os semícaros eram um povo unialado, cada qual com uma única asa. Para voar, tinham que escolher alguém e se abraçar. (Carlos Seabra)
1043. O escritor plantou um pé de feijão mágico, que cresceu muito. Quando ia subi-lo para o castelo nas nuvens, foi detido por violar direitos autorais. (Carlos Seabra)
1044. Espetáculo diário, a cada degrau que o velho subia, com o auxílio das muletas, soltava cabeludos palavrões, repetidos pelo papagaio do vizinho. (Carlos Seabra)
1045. Lutando contra a ditadura, passou dos oitenta anos de idade, mas ao dar um mero passeio noturno no quarteirão, morreu atropelado. (Carlos Seabra)
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