Outros dez de Carlos Seabra
239. A caneta estava sem tinta, mas suas palavras ainda eram tantas! Teve que continuar em vermelho, com o que ainda tinha nas veias. (C. Seabra)
240. O programador estava preso. Seu computador travado. O software não era livre mas ele também não. (C. Seabra)
241. Seu cabelo era tingido, mas combinava perfeitamente com todo o resto, que também era fingido. (C. Seabra)
242. Um galope na madrugada. Era uma janela no tempo que trazia ecos de uma heróica cavalgada. (C. Seabra)
243. Naquela gaveta aberta ele procurava entre todos os objetos um pedaço perdido de sua alma. (C. Seabra)
244. Um queria respostas e o outro não entendia as perguntas. O sinal do recreio salvava ambos. (C. Seabra)
245. Ele arremessou-se ao asfalto, rolou para baixo do carro e seus dedos se esticaram a tempo de salvar o anel dela. (C. Seabra)
246. O garfo caiu ao chão e todo o refeitório silenciou. Em câmara lenta, a faca caiu depois, seguida do baque surdo de um corpo sem vida. (C. Seabra)
247. O jantar estava pronto e ela serviu-o ainda quente. Seu marido morrera há muitos anos, mas ela ainda colocava seu prato na mesa. (C. Seabra)
248. Matara todos os monstros e ia subir ao maior nível. Seu desespero saiu como um lancinante grito, na falha da luz que desligou o computador. (C. Seabra)
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