quarta-feira, junho 15, 2005

Outros de Fernando Moraes

Fernando, assim como o Senir e Erre Erre, demora um pouco mais a comparecer. Mas quando chega tem uma boa quantidade de histórias mínimas pra contar. Ei-lo aqui de novo:

529. Todo dia, àquela hora, sentado no alpendre via a vida passar, bem em frente à sua casa. Dos olhos de cada um roubava uma emoção. Do andar, uma direção. (F. Moraes)

530. Maria já não ia à missa apenas por vontade: ia por desejo de aflição. Tinha jeito pra olhar o Cristo na cruz até partir seu coração. (F. Moraes)

531. A água na chaleira fervia fazendo algazarra. Teria forças outra vez para se encher de fantasia? O sol já inundava a varanda de fresca luz. (F. Moraes)

532. Portões de ferro, grades virtuais, delatores eletrônicos, olhos mágicos... um choque de civilização para "esquecer" o mundo cão. (F. Moraes)

533. Paredes nuas de tijolo e reboco passam pelas janelas do automóvel. Lá dentro, gentes de outro mundo... lição de casa, televisão, mamadeira, ilusão... (F. Moraes)

534. Olhei o homem dormindo debaixo do banco no chão da praça; corpo torcido feito trapo; pés sujos dos caminhos da vida. Aquilo era solidão. (F. Moraes)