quarta-feira, dezembro 14, 2005

Caricatura e microliteratura

Caricaturas contam histórias com poucos traços e poucas palavras. São microliteratura? Talvez a resposta não importe muito. As caricaturas são quase sempre um dedo apontando para o óbvio que não queremos ver. Essa aí do lado é um bom exemplo. Ela é obra do pintor e desenhista polonês Arthur Szyk e foi produzida por volta de 1941. O título, Aryan Ally, na parte baixa esquerda da imagem dispensa explicação. Uma série de desenhos de Szyk sobre o nazismo está disponível em ASIFA - Hollyood Animation Archives. Os exageros nos traços que brutalizam os personagens retratados lembram os comentários de Eco sobre caricaturas políticas durante a segunda Grande Guerra. Vale a pena uma visitinha ao blog da ASIFA.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Dez outros microcontos do Seabra

1036. A enfermeira aplicava injeções tão bem que os elogios a seu trabalho eram abundantes. (Carlos Seabra)

1037. Ele levantou o traseiro da cadeira mas os juros continuaram a tomar-lhe a dianteira. (Carlos Seabra)

1038. Ele ainda não estava preparado para a inclusão digital e ficou com o analógico a lhe doer. (Carlos Seabra)

1039. Nua na varanda, ela louvava a lua cheia, acompanhada por dezenas de olhos, atrás das janelas de luzes apagadas da vizinhança. (Carlos Seabra)

1040. O chapeleiro maluco dava pulos de alegria quando chegava seu melhor cliente, um verdadeiro bicho de sete cabeças. (Carlos Seabra)

1041. Apesar de agora ele ser um príncipe, ela sempre ficava com um gosto de batráquio na boca após cada beijo. (Carlos Seabra)

1042. Os semícaros eram um povo unialado, cada qual com uma única asa. Para voar, tinham que escolher alguém e se abraçar. (Carlos Seabra)

1043. O escritor plantou um pé de feijão mágico, que cresceu muito. Quando ia subi-lo para o castelo nas nuvens, foi detido por violar direitos autorais. (Carlos Seabra)

1044. Espetáculo diário, a cada degrau que o velho subia, com o auxílio das muletas, soltava cabeludos palavrões, repetidos pelo papagaio do vizinho. (Carlos Seabra)

1045. Lutando contra a ditadura, passou dos oitenta anos de idade, mas ao dar um mero passeio noturno no quarteirão, morreu atropelado. (Carlos Seabra)

Como Caçar um Leão no Saara: solução 3

Para ficar nos conformes dos 150 toques, o Pelarin mandou nova versão da solução das ciências políticas. Além disso, ele engendrou mais uma outra resposta para o famoso problema: uma solução psicanalítica. Vejam os resultados:

Método das Ciências Políticas. Lance sua candidatura a Rei dos Animais pelo PT. Contrate Duda Mendonça. Pague as despesas da campanha com o caixa dois. Ele vai ficar com o rabo preso. (P. Pelarin)

Método Psicanalítico. Faça-o passar por uma regressão. Quando voltar aos primeiros meses de vida, prenda-o numa gaiola. (P. Pelarin)

segunda-feira, dezembro 05, 2005

Como Caçar um Leão no Saara: solução 2

Dei um tempo para os microcontos. Enquanto isso estou pesquisando outras possibilidades de microliteratura. Como já postei dias atrás, respostas científicas á fomosa pergunta Como Caçar um Leão no Saara? podem ser um filão interessante. O pessoal de ciências exatas já produziu algumas pérolas nesse campo. Minha proposta é a de inventar respostas fundadas em princípios das ciências humanas. Ensaiei uma solução econômica. Agora o Pelarin ensaia uma resposta no campo das Ciências Políticas Tupiniquins. O texto ultrapassa os 150 caracteres, mas acho que vale a pena abrir um precedente para mostrar possíveis caminhos de respostas para o desafio científico de caça ao leão no Saara.

Método de Ciência Política Tupiniquim. Lance sua candidatura a "Rei dos Animais" pelo PT; contrate Duda Mendonça para fazer o marketing da campanha; pague as despesas da campanha com o "caixa dois" (ou com recursos não contabilizados). O leão certamente vai ficar com o rabo preso. (P. Pelarin)