terça-feira, maio 31, 2005

Casos, Casais e Casamentos

O Senir também tematiza. Nestes novos mc's conta casos de casais, casamentos e quetais.

311. Ela era corrupta. Ele ladrão. Ao final da cerimônia de casamento não jogaram arroz. Jogaram farinha. Farinha do mesmo saco. (Senir Fernandez)

312. Sentiu um vazio imenso quando ela partiu. Preencheu com chocolates. (Senir Fernandez)

313. Conhecera ela num vôo São Paulo-Roma. Viveram muitos anos nas nuvens. (Senir Fernandez)

314. Não era solitário. Era narcisista. Tornou-se hermafrodita. (Senir Fernandez)

315. Ele era um tesouro. Ela uma jóia preciosa. Eram assaltados muitas vezes. (Senir Fernandez)

316. Ela era má. Ele um malvado. Mas se davam bem. (Senir Fernandez)

317. Ela era cheia de defeitos. Ele cheio de problemas. Faziam um casal perfeito. (Senir Fernandez)

318. Ele foi pegar o táxi e ao mesmo tempo, ela também. Seguiram no mesmo rumo. (Senir Fernandez)

319. Ela era muito pobre. Ele descendente de nobres. Nunca se encontraram. (Senir Fernandez)

320. Trabalhavam na mesma empresa. Ele gerente, ela secretária. Casaram-se para evitar rumores de assédio sexual. (Senir Fernandez)


321.

Vieram de lugares diferentes.
Viram-se ao mesmo tempo.
Venceram na vida.
(Senir Fernandez)

322. Ficava bêbado de perder a consciência. Mas ela sempre o trazia de volta. (Senir Fernandez)

323. Ele gostava de jantar às oito. Ela às seis. Combinaram de jantar sempre às sete. Foram infelizes para sempre. (Senir Fernandez)

324. Luzia era ela. Dele dizia-se que perdera a lucidez. Namoravam no escurinho do cinema. (Senir Fernandez)

325. Sorriram quando se encontraram. Riram muito juntos ao se conhecerem. Hoje vivem sem graça. (Senir Fernandez)

326. Ele era músico, ela bailarina. Nunca trabalharam juntos. Fazem o próprio show às segundas-feiras, no palco da vida. (Sernir Fernandez)

segunda-feira, maio 30, 2005

Dez outros do Seabra

301. Os habitantes daquele planeta iam a templos, que eram salas escuras, carregando pipocas e refrigerantes para suas oferendas. (C. Seabra)

302. O náufrago na ilha deserta agora só tinha os olhos no céu, onde as nuvens desenhavam tudo o que ele precisava. (C. Seabra)

303. Na noite da cidade, as janelas acesas e apagadas dos prédios formavam códigos ainda não decifrados. (C. Seabra)

304. A múmia saiu de seu sarcófago e, atravessando a tela do cinema, colocou a todos em alucinada fuga. (C. Seabra)

305. Nas férias, a chuva no asfalto duplicava a cidade, o céu e seus prédios, refletidos nas ruas molhadas sem trânsito. (C. Seabra)

306. Era um amor proibido. Ela era histérica e ele deprimido. (C. Seabra)

307. A natureza odeia o vácuo. Coitada daquela gorda bunda, que ficou presa pela sucção na privada do avião. (C. Seabra)

308. O assunto do bairro todo naquela semana era o casamento do padre com o travesti. (C. Seabra)

309. Pela última vez, escreveu seu nome na orla da praia e ficou vendo as ondas o apagarem para sempre. (C. Seabra)

310. As chamas queimaram tudo. Nos escombros do prédio, aquela privada, branca e reluzente, não fazia o menor sentido. (C. Seabra)

MC noventa e dois

Acrescentei, no devido espaço, um micronto mais, o de número 92, algarismo esquecido na primeira edição. O blogger está demorando a fazer a reedição do texto escrito três semanas atrás. Por isso, para conhecimento imediato dos leitores, edito na data de hoje (30/05) uma cópia do 92.

92. Ela voltou vinte anos depois. Já não era mais uma paixão mal resolvida. Era uma paixão esquecida. (j. novelino)

Eclesiais, agora com Pelarin

Antes que o Cordão se anime, o Pelarin resolveu colaborar com produções de histórias mínimas eclesiais. A coleção vai crescer. Acho até que a gente vai conseguir publicar a série na Editora Vozes ou na Loyola...

290. Pecado capital, eu? Como? Sempre vivi no interior! (P. Pelarin)

291. Gostava de hóstia. Entrava na fila no mínimo duas vezes. (P. Pelarin)

292. Safadinha, fazia questão de confessar seus pecados sexuais em detalhes. (P.Pelarin)

293. Às vezes também cumpria a penitência que prescrevia: quando ficava excitado com os detalhes do pecado confessado. Mas sempre se fazia um desconto. (P. Pelarin)

294. Era um padre virtuoso, mas infelizmente se chamava Amaro. (j. novelino)

295. Bígamo e muito devoto, ele frequenta duas igrejas. (j. novelino)

296. O teólogo, poeta medíocre, apaixonou-se pela catequista e rimou Luzia com Parusia. (j. novelino)

297. De ressaca, monsenhor trocou as Matinas pelas Vésperas. (j. novelino)

298. O padre economizou latim. A missa era para um defunto de poucas posses. (j. novelino)

299. Em altares laterais, Aparecida, Lourdes, Das Dores e Fátima disputam a devoção dos fiéis. (j. novelino)

300. No saco de esmolas, uma nota suja e amassada é óbolo de um mendigo. (j. novelino)

Três da Zezé

287. Mais rápido do que imaginara, a velhice tinha chegado. Agora só o reflexo no espelho lhe fazia companhia. (Zezé Pina)

288. O maior divertimento do aposentado era juntar-se ao neto na varanda, e apostar qual dos dois conseguia acertar o maior número de carecas. (Zezé Pina)

289. Sob a noite estrelada, deitou-se na areia e deixou que o mar lhe servisse de cobertor. (Zezé Pina)

Números

Editar dá um trabalhão danado. Principalmente para quem, como eu, digita mal, engasga com a gramática e é cego para letras trocadas. E no nosso caso, há uma condição agravante: é preciso estar atento para os números dos mc's que chegam e são publicados. Recentemente errei nas contas. Havia mais histórias mínimas que as 283 que a edição estava registrando [eram, na verdade, 286]. Um erro até certo ponto feliz. Pior é ficar devendo! Em todas ocasiões sou salvo pelo olhar atento do Seabra e pelas dicas que ele me manda.

Aproveito a ocasião para compartilhar com todos umas contas que o Seabra fez na hora que chegamos aos 283, digo 286:

Oi Jarbas,
Por curiosidade, dei um sort na lista de microcontos e olha a quantas andamos em
números de produção individual até agora:
61 P. Pelarin
50 C. Seabra
32 J. Novelino
22 Erre Erre
20 Senir Fernandez
15 Chico de Moraes
12 Gil
12 Cléo
10 Pablo Rico
09 Zezé Pina
09 Zeca Ildefonso
09 Zé Kuller
06 F. Moraes
06 A. Morales
03 F. Cordão
02 Gislene, Zé Paixão & Cléo
02 Elias Tambur
01 Salete Cordão
01 Regí Oscar
01 Marina Lindenberg
01 Juvenal
O que mais me chamou atenção numerologicamente falando foi que todos os que começam
com Z produziram 9... Não sei se é para jogar no bicho, no número nove ou na zebra,
hehehe!
Abração,
Carlos

domingo, maio 29, 2005

Mensagem da Professora Fátima Franco

Recebi de Fátima Franco, educadora blogueira, a seguinte mensagem:

Olá, professor Jarbas:estou encantada com os primeiros mil microcontos. Já li todos, e adorei.O pessoal é genial, mesmo! Parabéns a todos. Agradeço muito pela publicação dos meus textos. Fiquei lisonjeada.

Quem quiser ver parte da produção da Fátima no espaço web, basta clicar aqui e aqui.

Primeira classe

286. Miami-São Paulo. Uísque do bom e farto, moça vistosa e sozinha, um gracejo, uma passada de mão... Quase deu delegacia. Tudo se perdoa na primeira classe. (P. Pelarin)

Mais mc's eclesiais

280. Candidatou-se a coroinha. Desistiu ao ser acariciado pelo padre coadjutor na sacristia. (j. novelino)

281. Adiaram a primeira comunhão: a catequista tinha fugido com o vigário. (j. novelino)

282. Na missa de corpo presente, o fazendeiro, nome de coluna da matriz, foi pranteado pela mulher e seis amantes. (j. novelino)

283 Três cães dormem sossegados sob o altar de São Roque. (j. novelino)

284. No desastre, o motorista perdeu o caminhão e a fé em São Cristóvão. (j. novelino)

285. São Sebastião tenta, com sua nudez, a pureza da beata solteirona. (j. novelino)

Jogo de bola

No Interior, futebol era jogo de bola. Programa animado em campos de várzea, onde trabalhadores de todos os tipos viravam artistas e heróis. Aqui vão três histórias inspiradas por esse cenário.

277. É baitola inrustido. Passa os domingos massageando jogadores de times da várzea. (j. novelino)

278. A mãe ganha uns trocados na zona. Ele apita jogos da terceira divisão. (j. novelino)

279. Maria Chuteira foi enganada. O filho que vai nascer é do ropeiro. (j. novelino)

Candidato em campanha

Ficção e realidade misturadas. Histórias de um candidato que arrastou muita gente para uma campanha insólita, rocambolesca e deprimente. Ionesco certamente se incomodou: seu teatro do absurdo perdeu feio para tal campanha.

275. Bebida? Só tomava uísque. E do bom. Entornou o copo de cachaça. Tossiu meia hora sem parar! ( A. Morales)

276. Mortadela com pão? Caramba, nunca pensou que iria comer aquilo. Será que todos aqueles que o acompanhavam estavam gostando? ( A. Morales)

Romântico solitário

O Senir me diz que posso classificar o próximo mc como romântico. Feito.

274. Ele era coroa dela. Ela era pra ele a cara metade. Empataram a vida inteira na cara e coroa. (Senir Fernandez)

Mais Senir

265. Era um dentista muito atualizado. Desde pequeno dizia que era aprendente. (Senir Fernandez)

266. Dava aulas de língua. E poderíamos dizer que se dava bem com todo mundo. Sempre concordava em gênero, número e grau. (Senir Fernandez)

267. O porquê perguntou ao quê por que o quê tem um quê de não sei o quê. Porque sim, respondeu o porquê. Por quê? (Senir Fernandez)

268. Faz tempo que você está aqui? Não, só duas cervejas. (Senir Fernandez)

269. Trabalhou demais naquele dia. Quatro períodos só pela manhã. (Senir Fernandez)

270. Fazia tempo que morava ali. Achava que tudo nascera ali. Até ele. (Senir Fernandez)

271. Chegou muito cansado na aula de História. Dormiu. Acordou 3 séculos depois. (Senir Fernandez)

272. Perguntou se eu conhecia o Neto. Respondi: Já o conheço há três gerações. (Senir Fernandez)

273. Ficara viúvo cedo. Vivia solitariamente. Suas cãs nunca receberam um cafuné. (Senir Fernandez)

sábado, maio 28, 2005

Mais Pelarin

263. O general presidente podia tudo. Queria seu aniversário no sábado. Mandou publicar no Diário Oficial um novo calendário. (P. Pelarin)

264. Vereador em Águas de São Pedro ou senador da República? Fez a escolha errada. Perdemos. (P. Pelarin)

Microcontos eclesiais

Em meus tempos de menino, na Franca do Imperador, a missa dominical era uma obrigação. Na igreja matriz, gente de todo o tipo exercia seu dever semanal de bom católico. As missas em latim, os cantos tradicionais e bem conhecidos, os grupos distintos de irmandades, cruzados, irmãos vicentinos, irmãos do santíssimo, ordem terceira, marianos, filhas de Maria e beatas de todos os tipos coloriam um culto que já se foi. Quem freqüenta hoje as pobres cerimônias embaladas por acordes desafinados de violão e melodias sem sabor não tem idéia do que era uma missa solene do catolicismo triunfante. Minha memória daqueles tempos sugere muitos personagens que se cruzam com seus dramas particulares na imensa matriz gótica da velha Franca dos anos cinqüenta. Veio-me uma primeira história. Depois, aos borbotões, muitas e muitas outras. Consegui colocar no papel as que seguem.

253. O mariano devoto desenha com a imaginação os seios firmes da filha de Maria que reza do outro lado da nave. (j. novelino)

254. A beata reza fervorosamente e vigia com atenção a mulher da vida que entrou no confessionário. (j. novelino)

255. O menino se engasga com a hóstia ao se lembrar de um pecado mortal não confessado. (j. novelino)

256. Inocentes cruzadinhas ou lolitas vestidas de branco? Essa é a dúvida do pároco de meia idade. (j. novelino)

257. Candidato a vereador, o sacristão pede esmolas e votos na hora do ofertório. (j. novelino)

258. Dois cães vadios são os únicos ouvintes atentos do pregador cansado e sem entusiasmo. (j. novelino)

259. O padre pediu outra galheta de vinho. Precisava de mais um trago naquela manhã. (j. novelino)

260. O decote da noiva era tão profundo que o celebrante se esqueceu de perguntar se alguém tinha algo contra aquela união. (j. novelino)

261. A eça negra entristecia a nave central da matriz, mas os filhos do morto sorriam sonhando com a herança. (j. novelino)

262. O padre tem pressa, mas as beatas cantam o Bendito com uma lentidão irritante. (j. novelino).

Outros três da Zezé

Zezé, parece, anda de três em três passos. E produz microcontos no mesmo ritmo: três de cada vez. Aqui está um novo trio dela.

250. Já tinha plantado uma árvore, feito um filho, escrito um livro. Triste, percebeu que só lhe faltou viver... (Zezé Pina)

251. Mesmo após a terceira dose, ele ainda continuava a lhe parecer completamente estúpido. (Zezé Pina)

252. O músico era tão perfeccionista que naquela tarde, quando seu gato miou uma oitava acima, não hesitou em atirá-lo pela janela. (Zezé Pina)

MC circense

249. Trapezista imprudente, nas garras do leão. Caiu na malha fina. (P. Pelarin)

sexta-feira, maio 27, 2005

Outra colaboração de autora externa

Amigos virtuais, virtuosos, de longa data, vizinhos etc. também foram encantados pelos microcontos. Dessa vez, uma das edublogueiras do Brasil, Fátima Franco, amiga de fé que conheço apenas no espaço web, mandou três histórias mínimas que publico aqui. Pena que não valham para a nossa contagem em busca da meta dos mil ou mais.

Leu. Assustou-se. Rasgou. (Fátima Franco)

Andava na praia. A maré subiu. Levou pensamentos. (Fátima Franco)

Viveu. Sofreu. Amou. Um dia... desligou. (Fátima Franco)

Outros dez de Carlos Seabra

239. A caneta estava sem tinta, mas suas palavras ainda eram tantas! Teve que continuar em vermelho, com o que ainda tinha nas veias. (C. Seabra)

240. O programador estava preso. Seu computador travado. O software não era livre mas ele também não. (C. Seabra)

241. Seu cabelo era tingido, mas combinava perfeitamente com todo o resto, que também era fingido. (C. Seabra)

242. Um galope na madrugada. Era uma janela no tempo que trazia ecos de uma heróica cavalgada. (C. Seabra)

243. Naquela gaveta aberta ele procurava entre todos os objetos um pedaço perdido de sua alma. (C. Seabra)

244. Um queria respostas e o outro não entendia as perguntas. O sinal do recreio salvava ambos. (C. Seabra)

245. Ele arremessou-se ao asfalto, rolou para baixo do carro e seus dedos se esticaram a tempo de salvar o anel dela. (C. Seabra)

246. O garfo caiu ao chão e todo o refeitório silenciou. Em câmara lenta, a faca caiu depois, seguida do baque surdo de um corpo sem vida. (C. Seabra)

247. O jantar estava pronto e ela serviu-o ainda quente. Seu marido morrera há muitos anos, mas ela ainda colocava seu prato na mesa. (C. Seabra)

248. Matara todos os monstros e ia subir ao maior nível. Seu desespero saiu como um lancinante grito, na falha da luz que desligou o computador. (C. Seabra)

Outros de Dom Pedro

237. Durante o dia ajudava o pároco nas lides da igreja. À noite rodava a bolsinha na avenida São João. (P. Pelarin)

238. Tinha de tudo em sua bolsa. Até coisas úteis. (P. Pelarin)

Un otro de Don Pablo

236. Lascou um beijo na boca do cachorro. Apaixonaram-se perdidamente. (Pablo Rico)

Mais Zezé Pina

233. Dona Elvira era tão chata que Vitório, seu cachorro de estimação, precisou ir ao terapeuta para se recuperar da depressão. (Zezé Pina)

234. Com o toc-toc dos saltos, a vizinha do décimo andar, ainda madrugada, prenuncia a hora da missa dominical. (Zezé Pina)

235. Olhou pela janela e não viu a banda passar. (Zezé Pina)

Faltam setenta para a terceira centena

Com mais estas duas histórias, menos que sete dezenas de mc's é o que nos separa de trinta por cento da meta mínima. Cadê o povo escrevente?

231. Estava matando cachorro a grito. Denunciado, foi enquadrado na lei do silêncio. (P. Pelarin)

232. Ganhou a guerra com a balança. Perdeu vinte quilos. (P. Pelarin)

quinta-feira, maio 26, 2005

Coisas de família

Parece que microcontos dão em família. Primeiro foi a Salete Cordão. Agora é a Zezé Pina, mulher do Carlos Seabra. E as demais companheiras [e companheiros]? Apareçam e serão muito bem vindas [e vindos].

O apelo está feito. Vamos pois às histórias mínimas da Zezé.

228. Na madrugada insone, ela procurava por um lampejo de juventude na cama desfeita. (Zezé Pina)

229. Estava tão mal-humorada naquela manhã, que pisar o rabo do gato foi a melhor carícia com que o bichano pôde contar. (Zezé Pina)

230. Quando olhou seu rosto no espelho, percebeu que as rugas não lhe traziam a angústia da velhice, mas a certeza de que agora podia dizer o que queria. (Zezé Pina)

Cléo & Pedro

Seguem aqui vários e diversos mc's de Pedro Pelarin e Cléo. Com essa leva, o fechamento da terceira centena é coisa de setenta e poucos. Vamos lá autores!

217. Fazia ajustes em roupas femininas e sabia muito bem o que era "custo/benefício". Cobrava 5 para alargar e 15 para apertar. E ninguém achava caro. (P. Pelarin)

218. No meio do caminho tinha uma pedra; aaaai meu dedão, tropecei na pedra! (Cléo)

219. O trabalho dignifica o homem, bradou Rui. Eta mundo besta, meu Deus, retrucou Drummond.(Cléo)

220. Transpôs o umbral da vida; a rampa caiu, acordou no inferno! (Cléo)

221. Nem podia falar; assustado, desconfiou, calou! (Cléo)

222. É um cidadão obcecado pelos seus direitos. Foi à Justiça e reclamou pelo leite derramado. Aguarda, ainda hoje, decisão do Supremo. (P. Pelarin)

223. Enfim aposentado! Agora tinha tempo para fazer tudo que gostava. Morreu atropelado. Na faixa. Com o sinal aberto. Que merda! (P. Pelarin)

224. Que merda! Atropelei o cara como o sinal fechado. Vou pegar uns oito pontos no meu prontuário! (P. Pelarin)

225. Todos os domingos, na missa das onze, fazia questão de confessar os pecados da semana. E começava sempre pelo da gula no almoço do domingo anterior. (P. Pelarin)

226. Fazer compras na "Daslu" lhe fazia bem. Tornava-a mais caridosa. Certa vez chegou a pagar duas "quentinhas" no caminho de volta. (P. Pelarin)

227. Vovó! Conta pra nós! Como você conseguia dar comida para seus filhos pequenos sem televisão e internet? (P. Pelarin)

Cinco outros do Seabra

212. O jornal estampava na manchete como a economia ia bem. Debaixo dele, o mendigo que abrigava dormia, agora despreocupado. (C. Seabra)

213. O garotinho estava correndo e bateu com a cabeça. Teve que levar três pontos, mas só berrou mesmo foi na hora da anestesia. (C. Seabra)

214. O movimento de tropas não deixava mais dúvidas a respeito da guerra que se iniciava. Mas seu maior problema no momento era cortar aquele bife duro. (C. Seabra)

215. O torturador não conseguia dormir com os gritos e gemidos de suas vítimas, dubladas pelos pernilongos invisíveis que habitavam sua noite. (C. Seabra)

216. Ao sorver o primeiro gole de café, a xícara quase lhe caiu das mãos, a boca e garganta queimadas contiveram um grito. Então o embaixador sorriu. (C. Seabra)

Segunda centena!

Chegamos aos 200. Falta pouco: apenas mais uns setecentos e tantos. É só novos autores se apresentarem e velhos autores não perderem o pique.

Volto aqui para reeditar. A contagem estava errada. Eram mais os mc's. O original 200 era, na verdade, duas centas e dois. Corrigi, mas não alterei mensagens e pesos originais, por isso o 202 vai continuar com as maiúsculas comemorativas.

202. Ela era tão provocativa que quando foi se confessar quem teve que rezar muitas ave-marias foi o padre. (C. Seabra)

203. O gato dormia no tapete da sala, aproveitando a calma da casa antes de darem pela falta do peixinho no aquário. (C. Seabra)

204. A bofetada deixou-lhe a marca dos dedos na face. Ao pensar em lhe pedir desculpas,desejou sentir novamente aquela mão em sua cara.(C. Seabra)

205. Um mendigo atropelado na beira da estrada. Os carros se desviam o suficiente para não sujarem os pneus com sangue. (C. Seabra)

206. Nem a ciência explicava como ele era tão fanho quando administrava e tão bem falante quando fornicava. (C. Seabra)

207. Ele sonhou que era um soldado americano. Ao acordar, o pesadelo era muito pior. Ele era um prisioneiro em Guantánamo. (C. Seabra)

208. A boneca caída no chão era a única habitante daquela aldeia destruída. (C. Seabra)

209. Ela estava calada e seu olhar absorto nada dizia, mas na fumaça do cigarro desenhavam-se os seus pensamentos. (C. Seabra)

210. O galo de briga perdeu os dois olhos. Assim, não pôde ver seu dono sorrindo com o dinheiro ganho na luta. (C. Seabra)

211. As árvores passavam céleres pela janela do trem mas seu olhar nada via, parado onde embarcara. (C. Seabra)

Mais Chico de Moraes

191. Se o mundo parar de dia, tudo bem. Mas se parar de noite, vamos cair de cabeça pra baixo nas profundezas da escuridão. (Chico de Moraes)

192. Ovo frito. Equilibrado no cume do monte de arroz, ilha branca no lago de feijão. Torresmos enfeitam o sopé com seu brilho colesterólico. (Chico de Moraes)

193. Aqueles dois tomates estavam vermelhos de vergonha. A imagem deles com o pepino era inadequada na cozinha do convento. Foram salvos do pecado pela faca de legumes. (Chico de Moraes)

194. Que delícia de morte! Jantar farto, amor voraz, sono remidor. Acordou defunto. (Chico de Moraes)

195. A abertura lateral na saia longa fazia promessas durante a caminhada. (Chico de Moraes)

196. Proparoxítonas. Fúlgido, trêmulo. Sílfide, bígama. Sábado, frígido. Súmula, esquálida. Atávicas. (Chico de Moraes)

197. Parada militar é muito movimentada, mais um dos paradoxos da civilidade. (Chico de Moraes)

198. Estilo corrente, poetagem de concretude gelatinosa. Dá pra samba, dá pra xote, Melhor: dá pra mote. (Chico de Moraes)

199. Sorte/azar. Ganhei na Mega Sena, sozinho. Prêmio acumulado de quinze semanas. E agora? O que faço da minha vida? (Chico de Moraes)

200. Machismo? A mulher o abandonou, depois de espremer dele o suco dos seus melhores anos de vida útil. Agora, o pobrezinho vai ter que começar tudo de novo. (Chico de Moraes)

201. O futuro começa com pressa. Ontem eu soube que amanhã serei passado da semana que vem. Será? Era! (Chico de Moraes)

Sobre nosso poeta maior

Dias atrás, o Pelarin escreveu dois microcontos referenciados em versos de Drummond. Diz ele que errou na grafia do nome do poeta, mas não percebi e a matéria publicada ficou com os enganos originais. Agora o velho Pedro manda correção e, para não ficar apenas em cuidados corretivos, envia também novo microconto. Vamos pois aos comentários do Pedro e a mais um mc. Eis o comentário:

Peço desculpas aos colegas. No e-mail anterior, também tropecei feio na grafia do nome do poeta. Mas não doeu muito. E nem acho que foi por maldade que o editor não corrigiu. Abs, Pelarin.

Eis o microconto:

190. Conheci Drummond por acaso: tropecei na pedra no meio do caminho. Doeu, mas valeu a pena. (P. Pelarin)

Mais inspirações do campo...

A viagem para as terras da Giselda renderam alguns mc's. Duas fontes de inspiração estiveram presentes na mente dos autores: a beleza da paisagem e o desafio de entender o mapa. Nesta postagem, o Pelarin conta duas história. Uma para cada fonte de inspiração.

188. Recolhi hoje as folhas caídas do meu ipê. Paguei um pouco pela benção de sua sombra. (P. Pelarin)

189. O caminho era tortuoso. No entanto, informações precisas e minuciosas do roteiro davam a certeza da chegada. Mas tinha que estar atento, porque eram muitas as armadilhas.(P. Pelarin)

Produção coletiva

Em viagem para a chácara da Giselda em Mairiporã (ou Atibaia), atentos ao mapa e procurando saber onde era o "fim do asfalto", Gislene, José Gaeta Paixão e Cléo ainda tiveram tempo para produzir duas novas jóias do microconto nacional. Vejam as primeiras histórias mínimas coletivas de nossa pulicação:

186. Comprei a chácara dos Sonhos, somente tive pesadelos! (Gislene, Zé Paixão & Cléo)

187. Na estrada da vida, trepidou o carro; embaralharam as idéias! (Gislene, Zé Paixão & Cléo)

De tudo um pouco

Estão aparecendo algumas séries temáticas de mc's. Isso é bom. Pelo menos para o editor. Classificações sempre ajudam na hora de editar e publicar as coisas. Mas, esta nova leva nada tem de temático. Tem de tudo um pouco, com assinaturas de diversos autores.

179. Para condená-lo foram necessários vários processos. Era muito corrompido. (A. Morales)

180. Recuperado do porre encontrou a dentadura no meio do vômito. (Pablo Rico)

181. Foi enterrado em três vezes. Era muito comprido. (Pablo Rico)

182. É verdade! Uma mentira repetida mil vezes continua sendo uma mentira! (P. Pelarin)

183. Dos moleques da rua sempre fora o mais franzino. Mas nas bolinhas de gude era um gigante. E todos o respeitavam.(P. Pelarin)

184. Jogava mal. Era quase um estorvo, mas nunca ficava de fora. Era o dono da bola. (P. Pelarin)

185. Era um masoquista sem remédio: além de relacionar suas dívidas, fazia questão de puxar a soma. (P. Pelarin)

Outras histórias do paraíso

177. Finalmente encontrou o Paraíso. Esteve sempre ali. Pertinho da Vila Mariana. (P. Pelarin)

178. Procurava o paraíso perdido. Encontrou uma serpente apregoando suas maçãs. (P. Pelarin)

sábado, maio 21, 2005

Erros de edição

A mensagem chega e a separação dos contos às vezes não é clara. Mas o editor não assunta o autor. Publica as histórias de acordo com sua ignorância. E surgem novas histórias. Isso me lembra um conto do Márcio Jabur, cuja sinopse é a seguinte:

Escritor esforçado escreve seus contos à mão. Sua secretária datilografa os escritos. As obras, datilografadas, vão para a editora, são publicadas e fazem grande sucesso. O grande escritor jamais lê seus escritos publicados. Aceita, com ar de tédio, o sucesso e continua a escrever. A secretária se aposenta. A mocinha nova, que a substituiu, passa a ser a digitadora do contista. Aparentemente nada muda. Mas a editora passa a recusar sitematicamente os novos contos. O escritor se desespera. Nunca mais publicou seus contos marcados por tintas de desgosto, tristeza e desamor. E jamais soube porque sua obra tanto sucesso fizera no passado. Solução do mistério: a velha secretária modificava os contos originais. Onde havia desgosto, colocava amor à vida. Onde havia tristeza, alegria. Onde havia desamor, paixão. Além disso, sempre criava finais felizes para as histórias do grande escrevinhador. A nova secretária era apenas uma datilógrafa copista.

Mas ao contrário da velha secretária, andei piorando duas histórias do Pelarin (cf. mc 144), fundindo-as numa só. Vejam o que diz nosso Pedro:

Jarbas, boa noite:

São dois os MCs sobre Drumont.

1. "Carlão! Pegue o trator e tire essa pedra do meio do caminho, porra!"

2. "Já tirou a pedra do caminho? Agora vai ver se o José precisa de ajuda. Coitado!"

Se achar melhor juntá-los, ficaria melhor assim:

144. "Carlão! Pegue o trator e tire essa pedra do meio do caminho, porra! Depois vai
ver se o José precisa de ajuda. Coitado!"


Abs.

Vou corrigir meu engano. Mas por enquanto as coisas ficam como estão até segunda feira. Nas próximas horas ou ter de me esforçar para rever uma tradução de meu livro "Educação Profissional..." para o espanhol. Provavelmente a tradutora, uma argentina chamada Alice, deve ter mudado algumas coisas essenciais. Vou ver que "melhoras"ela fez...



Panelas e tampas

Pelarin comenta aqui, em microconto, um microconto da Cléo (Cada panela tem sua tampa; cadê a minha?).

176. Surpresa, ela finalmente descobriu: sua tampa estava escondida no armário. (P. Pelarin)

Série "Paraíso a seu alcance".

173. Inveja. Só quem vive em algum tipo particular de inferno, condena o paraíso fiscal.(Erre Erre)

174. Desapego. No paraíso fiscal não se cobra couvert artístico e os 10% de gorjeta nunca estão incluídos na nota de serviços. (Erre Erre)

175. Plenitude. No paraíso fiscal, Adão e Eva não são interrompidos pela serpente tampouco ouvem ameaças de proprietário coercitivo e mal-humorado. (Erre Erre)

Mais outros do Carlos Seabra

163.O velho guarda-chuva esquecido andou de mão em mão até chegar a um mendigo, seu último destino. (C. Seabra)

164. O suicida era tão meticuloso que teve que refazer diversas vezes o nó da corda para se enforcar. (C. Seabra)

165. Ela se prostituía sempre na mesma esquina. Naquela noite só um dos seus sapatos estava lá. (C. Seabra)

166. O debate estava demorado. Cada intelectual era mais erudito que o outro. Metade da platéia dormia, alguns sonhavam. (C. Seabra)

167. Seu decote chamava tanto a atenção que, naquela noite, até os olhares que não a fitavam ficaram ruborizados. (C. Seabra)

168. O careca apaixonado suava tanto ao luar daquela noite de verão que a namorada podia ver todas as estrelas em sua calva lustrosa. (C. Seabra)

169. Foi no momento mais dramático daquela tragédia que todo o teatro veio abaixo em gargalhadas, ao tocar a pantera cor-de-rosa em algum celular. (C. Seabra)

170. No fim da festa, o vinho caiu na roupa da mulher e molhou seu álibi. (C. Seabra)

171. O ministro era muito gordo e o coronel magro demais. Mas nunca fizeram média pois eram muito radicais. (C. Seabra)

172. Suas colegas riam nervosas, os meninos engoliam em seco e ela ficava ruborizada. Só seus mamilos, bem duros, permaneciam imperturbáveis. (C. Seabra)

Outros Erre Erre

159. Decisão. Acordou deprimido. Ouviu o disco de aplausos e imediatamente marcou consulta com seu inflador de ego. (Erre Erre)

160. Aposentado. Verificava sempre na agenda os compromissos que nunca cumpria. Dormia um pouco entre uma sonolência e outra. (Erre Erre)

161. Aconchego. Sempre foi só e tinha plena consciência disso. Na estante, os livros o contemplavam com um misto de compreensão e de contentamento. (Erre Erre)

162. Rebelião. Era uma pessoa muito calma e controlada, mas seu estômago se insurgia contra isso, contorcendo-se todo e produzindo intermináveis gastrites. (Erre Erre)

Mais Elias

158. Como político era um atleta, nadava na situação e remava na oposição. (Elias Tambur)

Mais outros da pena do Pelarin

153. Não tinha vaidade nem ostentação. Não fossem as roupas da Daslu, podia passar desapercebida naquela feira-livre da Zona Leste. (P. Pelarin)

154. Ouvir estrelas... Ou perdeste o senso ou és um babaca que não tem mais nada que fazer. (P.Pelarin)

155. Ela sempre soube. Ele, tolo, nunca percebeu. Era tudo silicone. (P. Pelarin)

156. Nem parecia paulista. Deixava pra manhã o que devia fazer hoje e fazia hoje o que não fez ontem. Era paulista sim, mas estava um pouco atrasado. (P.Pelarin)

157. Ele: “Benzinho: Qual é o meu bife?”. Ela: “Qualquer um!”. Caiu em si. Vivera uma ilusão por mais de quinze anos. (P. Pelarin)

A segunda centana está chegando

Tenho muitos novos mc's para editar. Provavelmente já chegamos aos duzentos. Salve, salve, Manezinho Araújo! Se o homem quiser vinte por cento a gente já pode entregar. Mas não neste segmento. É preciso aguardar um pouco, até eu limpar todo o arquivo que se formou do dia 14 parta cá. Vamos às novidades mais recentes da lista dos aposentados.

137. Abriu o “Word” para um microconto. Nada. Tomou um copo de vinho para acordar a inspiração. Nada. Tomou mais dois... Adormeceu e babou no teclado. (P. Pelarin)

138. Seduzido por uma pochete incrementada parecia um arquivo ambulante. (Pablo Rico)

139. Corria muito. Corria pouco. Corria nada. Os três chegaram na eternidade. (Pablo Rico)

140. Foi muito egoísta. Não compartilhava nada. Nem sua escova de dente. (P. Pelarin)

141. Um grito lancinante cortou o silêncio da noite. Ato contínuo os latidos de muitos cães esfacelaram meus tétricos pensamentos. (A. Morales)

142. “Padre” em português é pai. Pode? E os votos? E o celibato? (P. Pelarin)

143. Foi até a Venezuela. De fusca! “Caracas!” (P. Pelarin)

144. Carlão! Pegue o trator e tire essa pedra do meio do caminho, porra! (P. Pelarin)

145. Já tirou a pedra do caminho? Agora vai ver se o José precisa de ajuda. Coitado! (P. Pelarin)

146. Minha língua materna foi ditadura. Aprendi, com sotaque, democracia. (Pablo Rico)

147. Tive o privilégio de viver, até os vinte, na Idade Média, depois disso ainda cheguei à Pós-Modernidade. (Pablo Rico)

148. Aprendeu, tarde, que a lógica é a pior maneira de se chegar a algo "de veras" importante. Pablo Rico)

149. “Achava bonito não ter o que comer”. Era faquir e amiga do Mario Lago. (Zeca Ildefonso)

150. Quando soube da verdade, gelou. Era verdade! (Zeca Ildefonso)

151. Sempre se achou verde. Quando se sentiu amadurecido já estava quase podre. (Zeca Ildefonso)

152. Maré baixa. Perdia até jogando paciência. (Zeca Ildefonso)

Cá está o Gil

Gil prometeu e compareceu. Vejam e leiam.

125. Fosfosol. Dalva, 56. Quando abriu os olhos estava tudo escuro. Assustou-se. Daí lembrou que era cega desde os 13. (Gil)

126. 150 toques. Tinha muitas coisas para contar, mas faltava espaço. (Gil)

127. Zás-trás. É verdade que isso acaba aqui? (Gil)

128. Dúvida. Ó Deus, tu que és pai de todos, responda rápido e de uma vez: salvarás primeiro os que crêem ou os que não crêem em ti? (Gil)

129. Eu avisei. Ela pôs de novo aquele vestido, a vagabunda. E agora reclama do que? (Gil)

130. Daqui. Olhando de fora parecia tão bom. (Gil)

131. Como? É verdade que tudo acaba com uma pergunta? Assim? (Gil)

132. Diamonds are forever. Solitários reunidos num chuveiro qualquer. (Gil)

133. No armário. Ninguém pode saber. Então vamos entrar ali. (Gil)

134. Feira. A manga rosa da sua blusa parece uma fruta. (Gil)

135. Epitáfio. Atravessa a rua, caralho! A última palavra que ouviu foi um palavrão. (Gil)

136. Epitáfio II. Cuidado com o paralelepípedo! A última palavra que ouviu foi um palavrão. (Gil)

quarta-feira, maio 18, 2005

Mais Erre 2. Errei de novo!

Pobre editor! Aflito, quer publicar logo as produções dos microcontistas. E erra. Erro pouco é bobagem. Erro bom, como diz o Erre Erre, é o que se repete. No caso que segue, foi a três. Por três vezes, atribui ao duplo Erre, histórias que são do Zé Kuller. Corrijo agora: os microcontos que seguem têm como autor o grande Alemão. O editor errou... E corrigiu.


122. A aurora iluminou a batalha. Jogava-se o futuro do terceiro milênio. (Zé Kuller)

123.Eureka! Ele gritou. Tinha descoberto o início. ( Zé Kuller)

124. Soprou-lhe a face. Chamou-lhe Homem. Destinou-lhe a procura do projeto perdido. (Zé Kuller)

Últimos primeiros

Estou seguindo o conceito bíblico: os últimos serão os primeiros. Retornei, mas meu tempo para blogar anda escasso. Por isso tenho de editar as obras dos microcontistas com método. Resolvi começar pelo material postado para a lista dos aposentados, trabalhando com as histórias mais recentes para chegar até aos microcontos que me foram enviados no domingo passado. Mas chega de explicações. Vamos ao que interessa: microcontos.

110.O cara era meio morto. Não entrava em cemitérios de medo de não sair. Mas sempre aparecia de surpresa, só pra dizer: “Quem é vivo sempre aparece”. (Senir Fernandez)

111. Noa are Honteliro sam spreme tracova latres. (Senir Fernadez)

112. "Afirmo com toda segurança e assino embaixo: Elvis não morreu! Nem Tancredo, nem Ayrton, nem Elis! "São Paulo, 17 de maio de 1977. (P.Pelarin)

113. Nervoso? Eu? Vai se catar. Nervoso é o corno do seu pai, seu filho de uma puta! (P. Pelarin)

114. Não fazia há mais de uma semana. Hoje de manhã quase estourei a veia do pescoço, mas consegui. Ufa! Que alívio! Não é fácil levantar cento e cinquenta quilos! (P. Pelarin)

115. O joalheiro olhou a pedra bruta, suja. Fechou os olhos. Quatro pancadas certeiras e já podia vislumbrar uma jóia escondida ali. (Chico de Moraes)

116. Uma conversa monótona na manhã modorrenta. Há sol lá fora, mas aqui o ar gelado promete um dia condicionado, como a maioria dos dias que os patrões chamam de"úteis". (Chico de Moraes)

117. Que jogo lindo! A bola corre solta, divertindo-se, mirando os pés que a maltratam com carinho agressivo. É gol. ?! GOOOOOoooooOOLLLLLlllllll... (Chico de Moraes)

118. Borboleta. Nas flores que a emolduram, postadas atrás, é um destaque que vibra o conceito de "animal". Ainda ontem era um bicho nojento a rastejar o mesmo conceito em outros moldes. (Chico de Moraes)

119. “Cada macaco no seu galho”. Preciso plantar uma árvore com urgência. (P. Pelarin)

120. Mulher certinha, na hora e no lugar errado. O marido chegou de surpresa e o armário era pequeno demais. (P.Pelarin)

121. Já resolvi: na próxima eleição, só voto em candidato que tenha “vontade política”. (P. Pelarin)




sábado, maio 14, 2005

Luz, mais luz!

109. Acendeu todas as luzes para ler um livro de Goethe. (j. novelino)

Alguns do Senir

O velho Senir pensou profissionalmente. Vejam o resultado:

103. Era ex-militar. Colocou a farda e estava justa. Foi ferver o leite e o leite talhou. Pensou: A justiça farda mas não talha. (Senir Fernandez)

104. Era um matemático muito solitário. Andava ímpar entre os pares. (Senir Ferandez)

105. Era um boêmio esperançoso. Para ele nunca era tarde. Ficava nos bares todas as noites até de manhã. (Senir Fernandez)

106. Era um botânico. Especializou-se em bananas. Um bananólogo. Nunca entendeu porque a banana nanica era grande. (Senir Fernandez)

107. Era um bancário. Talvez porque o pai também havia sido. O pai no Banco do Brasil, ele no banco da praça pedindo esmolas. (Senir Fernandez)

108. Era um engenheiro. Queria mudar o mundo. Projetou um imenso submarino que coubesse todo mundo. Acreditava que no fundo todo mundo é gente boa.(Senir Fernadez)

Cem é pouco...

Nem vai dar para comemorar a nossa primeira centena. Ela já foi ultrapassada. Fácil, fácil. Vamos reservar o foguetório para os primeiros quinhentos. E advinhem quem fica com a primeira marca centenária? Falou Pedro Pelarin, acertou. Obrigado, grande contador de histórias mínimas.

98. Ontem foi sexta feira treze. Não sou supersticioso, mas por precaução não fiz nada o dia todo. Nem microconto. (P. Pelarin)

99. Não, não! Por menos de sessenta eu nem me levanto! (P.Pelarin)

100. Seu ego era tão grande que não cabia no banco da frente. (P. Pelarin)

101. E diga ao malcriado do Weder que a mãe da minha mulher não é um microconto. Ela é"dez". Mas à vista eu deixo por sete. Tá bom, seis. (P. Pelarin)

102. Ele era um mala sem alça. O mais sensato foi despachá-lo e ficar livre para novos vôos. (P.Pelarin)

Naquela mesa

97. Fim de tarde. Estava deprimido e sem inspiração. Reuniu seus pensamentos numa mesa de bar, bebeu duas cervejas e, num guardanapo, escreveu esse microconto. (P. Pelarin)

Kafka reverso

96. A barata acorda diferente. Vai ao espelho. Vê um rosto de gente. (j. novelino)

Comentário do Gil

A moçada que labuta e labora hoje no velho Senac está recebento informação sobre nosso empreendimento. Alguns dos meninos se entusiasmam. Gil é um deles e nos mandou mensagem muito simpática. E vai, é claro, mandar microcontos. Pra registro e conhecimento, aqui vai um trecho da mensagem do bom Gil.

Desde que fiquei sabendo do movimento, pelo Tonhão e Chico, confesso que fiquei deveras curioso para ver, conhecer e, quem sabe, participar do, digamos, evento.Ontem o Chico me mostrou os mc's. Estávamos numa reunião/workshop que para mim se transformou numa agradável, deliciosa tarde de leitura. Meia hora de absoluto prazer. Li todos os 50 e poucos que ele havia imprimido... Gostei muito. Quando cheguei em casa, ontem mesmo, vi seu e-mail, e já entrei no link e reli todos e mais os últimos. Conclusão: dormi ao lado de uma caneta e um pedaço de papel, que
acordaram babados, hehehe...

sexta-feira, maio 13, 2005

Mais três do Kuller

93. Encontrou-a na chuva. Disse adeus no fim da tarde. (Zé Kuller)

94. O beijo durava vinte anos. Começou com mais paixão. (Zé Kuller)

95. O encontro foi rápido. Duas horas. Eterna namorada. (Zé Kuller)

Mais 9 de Erre Erre

83. Fashion. Era loira, sensível, culta, inteligente e muito bonita. Fingia-se de burra para não desagradar a seu marido empresário. (Erre Erre)

84. Hipocondria. Morreu aos 102 anos, com saúde perfeita, rodeado de bulas por todos os lados. (Erre Erre)

85. Convicção. Abraçou fortemente a sua solidão com a certeza de que nunca mais seria por ninguém abandonado. (Erre Erre)


86. Subterrâneos. Exorcista famoso, mundialmente reconhecido, dorme abraçado aos demônios que durante o dia expulsa e se embriaga com a água benta que sobra. (Erre Erre)

87. Confronto. Encheu-se de coragem e convidou seus medos para um encontro numa casa suspeita numa rua deserta. (Erre Erre)

88. Impasse. "Também gosto de ti" dizia uma paralela à outra que lhe expressava grande afeto. Mas já não tenho energia, nem disposição para chegar a esse local que chamas de infinito. (Erre Erre)

89. Microcontista. Amava as palavras, mas preferia guardá-las para si. Só as usava com grande parcimônia, quase usura. (Erre Erre)

90. Carreira. Aos 26 anos era maduro, realista, fadado ao sucesso. Enterrou seus sonhos, mortos-vivos no cemitério da conformidade. (Erre Erre)

91. Identidade. Agente secreto, recém concursado, foi proibido de usar o crachá. (Erre Erre)

Por uma distração editorial, o número 92 foi esquecido na primeira versão desta série de mc's. Hoje, dia 30/05, procuro corrigir a falha. Cá está uma história mínima que passará a ser conhecida como mc noventa e dois.

92. Ela voltou vinte anos depois. Já não era mais uma paixão mal resolvida. Era uma paixão esquecida. (j. novelino)

Herói sem caráter

82. Estava lendo Macunaíma. Parei. Que preguiça! Vou escrever um microconto. (j. novelino)

quinta-feira, maio 12, 2005

Mais mulher

Timidez. Quem diria? Parece que um dos atributos das moças desta lista é a timidez. Marina apareceu com uma história mínima e se calou. Dona Salete mandou uma história, parece que para tornar público o não cumprimento de uma promessa do Cordão. E só. Finalmente a Cléo aparece e promete não desaparecer. É o que queremos. E aqui vai de São Carrrrrrlos para o mundo a primeira leva de histórias mínimas de La Pisani.

74. A multidão gritou; o mundo explodiu! (Cléo)

75. Olhei o campo; entendi a vida! (Cléo)

76. Festejavam todos; Mariazinha nasceu! (Cléo)

77. Levou um tapa na bunda, correu se esconder! (Cléo)

78. A vidraça explodiu; o mundo parou! (Cléo)

79. Cada panela tem sua tampa; cadê a minha? (Cléo)

80. O trabalho dignifica o homem; que massada meu Deus! (Cléo)

81. A cedilha (ç) surgiu, espantaram-se todos! (Cléo)

A Cléo levanta uma dúvida; como é que se escreve a massada do mc 80: "será que massada é assim que se escreve? O Aurélio novíssimo não diz". O Houaiss responde: é maçada. Por isso ouso mudar o original. O novo 80 fica assim escrito:

80. O trabalho dignifica o homem; que maçada meu Deus! (Cléo)

Falta um tiquinho para os cem. De quem será a a história mínima de número 100. Façam suas apostas! Mandem novos microcontos.

Temas políticos & outros

A vida política anda inspirando alguns escritores de mínimas histórias. É o que se pode ver na coleção de mc's recentemente postada.

68. Era um político ético e coerente. Sempre foi contra o nepotismo. Era orfão, filho
único e solteiro. (P. Pelarin)


69. O equacionamento da probemática na FEBEM...". Assim iniciou o discurso o político canalha, safado, f.d.p. (Pablo Rico)

70. Parecia um político. Não fazia nada do que prometia. (P. Pelarin)

71. Vivia preocupado. Tinha ainda tantos sonhos para realizar e já passara dos oitenta. Resolveu acreditar na vida após a morte. Aquietou-se. (P. Pelarin)

72. Tentou concorrer para à Presidência do Partido. Levou uma rasteira e perdeu para o
novato. Só então descobriu que já era bilhete corrido.(F. Cordão)


73.O aposentado prometeu à esposa que arrumaria a biblioteca em três meses. Já se foram três anos. (Salete Cordão)

Dúvida. O Pelarin quer saber duas coisas sobre um provável dito italiano (talvez siciliano ou napolitano): 1. está correto em termos do idioma de Dante? 2. vale como microconto? Respostas para esta redação.

"Piove! Governo ladro!" (P. Pelarin)

De Carlos Segara Seabra

O titulo foi só para informar um outro sobrenome do Seabra: Segara. Coisa chique, parece que de cepa escocesa. Mesmo que não seja, a versão não é má. Mais não estamos aqui para falar da vida alheia. Estamos aqui para contar contos. Que tal mais cinco do Carlos Segara?

63.Todo o dia ela assistia a novela. A cada capítulo se apaixonava mais pelo ator. Quando este se casou com a heroína, ela resolveu dar para o vizinho. (C. Seabra)

64. Juquinha era o mais mal-comportado da classe. Ele fazia de tudo para ser castigado, só para ficar mais tempo com a professora. (C. Seabra)

65. Matou todos no cinema e voltou para casa ainda a tempo de dar o leite quente e o remédio à sua velha avó. (C. Seabra)

66. Ele soube que ela tinha outro quando a comida dela deixou de ser a gororoba de sempre. Mas calou-se e engordou. (C. Seabra)

67. Dom Quixote do asfalto ataca semáforos de vento para resgatar Dulcinéia do congestionamento. (C. Seabra)

quarta-feira, maio 11, 2005

Nosso Fernando Moraes

Chegou mensagem do Fernando Moraes Fonseca, outro companheiro do inesquecível PIE (Programa de Informática e Educação do Senac São Paulo). Há quem o confunda com o Fernando Moraes de "Chatô". É fácil saber quem é quem. O nosso Fernando Moraes é melhor... Vejam aqui as primeiras histórias do Fernando:

57. O gosto daquele beijo, muito tempo depois, ainda percorria, sem pedir licença, os vazios da minha existência. (f. moraes)

58. Hegemônico é o cordão do meu umbigo que, inflexível, estanca meus desejos toda vez que tento me afastar um bocadinho de mim. (f. moraes)

59. Deitou sobre o banco um punhado de grãos de arroz. Não queria alimentar pombas; queria causar confusões. (f. moraes)

60. Olhou as nuvens à procura de uma ilusão; encontrou uma espada flamejante na cauda de um escorpião. Estava fulo da vida! (f. moraes)

61. Na busca honesta geralmente temos muito a perder antes de achar um pouquinho de qualquer coisa. (f. moraes)

62. O vinho estava verde, mas para que serve o vinho se a tarde banha de laranja todas as cores à nossa volta? (f. moraes)

Mais Zeca Ildefonso

55. Não gostava de letras. Chamava-se Og Sá. A mulher Lia e o filho Ib. E moravam no Ó. (Zeca Ildefonso)

56. Era um doce de gente. Morreu lambuzado, mordido e com a boca cheia de formigas. (Zeca Ildefonso)

Inspiração e outro mc

Aqui vai o mc que inspirou o Reginaldo:

53. Só percebeu que estava no fim quando começaram a recusar seus pré-datados. (P. Pelarin)

E o Pedro acrescenta este outro:

54.A nomeação saiu no Diário Oficial: Diretor do Instituto do Açúcar e do Álcool. Recusou tomar posse. Era abstêmio e diabético. (P. Pelarin)

Reginaldo Oscar & Pelarin

Reginaldo Oscar entra na dança, inspirado pelo Pelarin. Vejam no que deu.

52. Só percebeu que sua validade estava vencida, quando procurou, aos 84 anos, financiamento de casa própria junto a CEF. (Regí Oscar)

Zé Kuller entra em campo

Acabo de receber histórias do Alemão, também conhecido por José Antônio Kuller. Ele coloca a culpa em mim, dizendo que seu primeiro ensaio de microcontos baseou-se nos comentários que fiz sobre a recente chacina na Baixada Fluminense ( cf. Aprendente). Mas não é isso não. O Alemão não perdeu a mão. Continua, como muitos de nós, a se indignar com as indignidades que andam por aí. Mas chega de papo comprido, vamos aos microcontos do Kuller.

49. Vinha de longe. Parou. Olhou. Atravessou a rua pela primeira e última vez. (Zé Kuller)

50. A bomba a pegou em movimento. Semi-enterrada, a mão ainda acenava. (Zé Kuller)

51. Uma estação. Dois destinos. A mesma morte.
(Zé Kuller)

Microcontos do Weder

Em minha busca de exemplos para minhas alunas, pedi microcontos em outras listas. Weder, minerim de beagá, da 'Naquela Mesa', compareceu. Infelizmente não posso descontar de nossa conta o que ele conta (obrigado, Senir). Mas posso publicar, sem número de ordem, algumas de suas histórias. Lá vai.

Se aproximou pra escutar e quase morreu com o bafo! (weder)

O circuito do círculo circunda o centro ou o cairel? (weder)

Parece um menino que nunca comeu catarro. (weder)

Lá está a emoção, ela vai dizer algo. (weder)

Microconto é a sua mãe! (weder)

Sutil, do susto ao surto. (weder)

Chegamos a 48

48. Deu volta ao mundo. Está no mesmo lugar. (j. novelino)

Juvenal, Pelarin, Senir e...

Prazer imenso estar editando (este gerúndio é por conta de meu americanismo) as histórias de gente de tanto talento. Temos o primeiro do Juca, mais outros do Pelarin, e um (ou dois?) do Senir.

43a. Estava cansado. Queria fazer uma pausa. Dormiu no ponto. Acordou uma vírgula.(Senir Fernandez)

43b. Estava cansado. Queria fazer uma pausa. Dormiu no ponto. Acordou? Uma vírgula! (Senir Fernandez)

44. ADONIRAN. Perdeu o trem das onze. Quando chegou não era mais o filho único. (Juvenal)

45. Prefiro ser rico, bonito e saudável que pobre, feio e doente. (P. Pelarin)

46. Tudo não passava de um jogo... Ela "fechou-se em copas"... Seu parceiro tinha o zápete. (P. Pelarin)

47. Oi! Acende a lanterna! Veja se há luz no fim do túnel! (P.Pelarin)

O "e... " do título fica por sua conta, pois o próximo é o seu.

terça-feira, maio 10, 2005

Mais Pedro Pelarin

42. Colocou-se no lugar do chefe. Gostou. Nunca mais saiu.

Juvenal promete microcontos

Vejam a promessa do grande Juca na mensagem que ele encaminhou ao Tonhão:

CARO TONHÃO! Tenho lido com máxima atenção os MICROCONTOS dos colegas que me deixam frustradíssimo: não há como me ombrear ("ombrear" é muito bom) com essa gente talentosa. Mas, qualquer dia destes vou perpetrar o desvario de enviar alguns da minha larva (êpa! - lavra!). Já estou quase morando, também , em JAU onde espero receber os amigos com mais facilidade do que aqui nesta longiínqua umidifacta Represa. Abraços a todos do decano JUVENAL

MC's do Rodolpho Rocha

Convoquei o Rodolpho Rocha para a nossa aventura do 1000 ou mais microcontos. Ele me respondeu que já tem uma pequena obra de escritos mínimos cuja classificação ele desconhecia. Ao ver a convocação, descobriu que já era microcontista sem o saber. Aqui vão alguns dos mc's do Rodolpho.

36. Impunidade. O réu matou sua fome a dentadas mas esse detalhe não foi incluído na pauta da acusação. (Erre Erre)

37. Vocação. Passou toda uma vida pensando que era David procurando encrenca com pessoas que pensavam ser Golias. Mas não tinha estilingue nem boa pontaria. (Erre Erre)

38. Originalidade. Naquele reveillon, ao invés de papel picado, ele resolveu se atirar pela janela. (Erre Erre)

39. Desengano. Leu todos os livros sobre auto-estima e até se apaixonou perdidamente por si mesmo. Mas nunca foi correspondido. (Erre Erre)

40. Persistência. Procurou inutilmente convencer o carrasco que aquele pescoço que deveria ser cortado, verdadeiramente não era o seu. (Erre Erre)

41. Reencontro. "Enfim sós", ele falou. "Enfim tu", ela respondeu. "Enfim nós", eles pensaram."Enfim nus", eles ficaram. (Erre Erre)

Erre Erre coloca títulos em seus mini-escritos (agora microcontos, para nossa alegria). Essa é uma possibilidade para outros autores, desde que não se ultrapasse o limite de 150 caracteres.

segunda-feira, maio 09, 2005

Microconto de aluna

Este não faz parte da nossa contagem. Foi escrito por uma de minhas alunas. Mas não resisti. Merece ser publicado:

Sentiu uma brisa em seu rosto, percebeu que o pára-quedas não abriu, o pára-quedas não abriu... (Larissa)

Outro MC do Tonhão

35. A sala estava muito quente.
Um calafrio correu pela minha espinha.
Meu sangue gelou quando a decisão foi anunciada. (A. Morales)

Dez microcontos de Carlos Seabra

Nosso companheiro do antigo PIE (Programa de Informática e Educação do Senac São Paulo) tem uma coleção de microcontos, publicada numa página dedicada ao formato. Vejam a obra completa do Seabra clicando aqui. Para ajudar na campanha dos 1000 primeiros microcontos, eis a primeira parte do que ele nos mandou:

25. Numa praça, dois enamorados olhavam o verde da paisagem na tarde quente. De repente, a noite subiu e eram estrelas seu olhar... (C. Seabra)

26. O tradutor deixou todos felizes. Mas se soubesse traduzir ambos os idiomas, o mundo teria visto nascer mais uma guerra. (C. Seabra)

27. As duas lágrimas, gêmeas de olhos diferentes, juntaram-se finalmente no queixo, de onde saltaram para o abismo. (C. Seabra)

28. Ele era estúpido e malvado. Foi eleito presidente. No poder, revelou-se muito pior do que o previsto. Foi reeleito! (C. Seabra)

29. Veio a chuva e a cidade encheu, as ruas e as casas alagaram, os rios subiram e sua popularidade afundou. (C. Seabra)

30. Tocam buzinas. Fumaça na cara. Farol vermelho. Vendedor ambulante. Vidros fechados. Calor. Medo. Sinal verde. Olhada no relógio. Merda! (C. Seabra)

31. No campo, um casal de garotos brinca. A menina rasga a blusa no arame farpado. Se olham sabendo que as brincadeiras não serão nunca mais as mesmas. (C. Seabra)

32. O cachorro levantou a saia da mocinha e o vizinho filmou. Momentos depois, o animal recebeu sua merecida recompensa... (C. Seabra)

33. Ele viera de outro planeta com uma missão. Mas agora que conhecera o sabor de uma mulher, ser mais um maldito terráqueo era seu único desejo. (C. Seabra)

34. O mapa que herdara assinalava o local do tesouro mas não indicava em que parte do mundo se encontrava. Sem saber, viveu toda a sua vida sobre ele. (C. Seabra)

Há mais. Publico em nova postagem..

Sobre regras do jogo

Ao escrever as regras do jogo, cometi um erro grave: disse que o limite dos microcontos seria de sessenta palavras. O que eu queria dizer era sessenta letras. A decisão, um tanto quanto arbitrária, estendia para mais dez letras e exigência que faz Nemo Nox em seu Mil Portas. O Carlos Seabra pegou meu erro por causa da inconsistência conceitual de um microconto de sessenta palavras. Vejam o que o Carlos diz em sua mensagem:

Muito divertido! Contem comigo! Vi que o limite com que se está trabalhando é de 60 palavras... Sem querer tumultuar tendo entrado somente agora nisso, eu acho que 60 palavras é um limite muito alto.Para mim microconto tem que ter até 150 caracteres como máximo (contando espaços epontuação), senão vira miniconto. Porquê esse limite? Não é arbitrário: trata-se da quantidade de caracteres possíveis de enviar numa mensagem de texto por celular (160), deixando pequeno espaço para a assinatura com o nome do autor. Mando por esta mensagem um pequeno lote de 10 minicontos para não estragar abrincadeira de todos, uma vez que eu tenho cerca de 100 já prontos que andei a escrever nas férias, entre o Natal e o Carnaval, hehehe!

Precisamos ver que critério final adotamos. Continuamos com as sessenta letras? Esticamos um pouco mais a exigência e usamos o limite de 150 caracteres utilizado pelo Seabra?

Mais autores e microcontos

As histórias continuam a chegar. Gente nova no pedaço: Senir e Elias. Pelarin, é claro, continua produzindo.

21. Coitado, não descansou nem depois de morto. Foi sepultado num cemitério vertical. (P. Pelarin)

22. Chama-se Napoleão, queria sempre pelo menos tudo. (Elias Tambur)

23. Ele caiu em si. E se machucou. (Senir Fernandez)

24. Começou a morrer quando nasceu. Um pouquinho todos os dias. Quase nem percebia. Chegou aos noventa. (P. Pelarin)

domingo, maio 08, 2005

Para chegar aos vinte

A meta é mil. Parece distante, mas vamos chegar lá. Neste fim de dia, arredondando as contas, cometo mais dois microcontos:

19. Com o Roque a rainha está segura. (J. Novelino)

20. Levou rosas para a professora. Ela gosta de margaridas. (J. Novelino)

Não são grandes obras, mas reduziram nosso passivo para apenas 980 histórias.

Mais Pelarin

18. O microempresário faleceu, mas a viúva continua com o negócio aberto. (P. Pelarin)

Microconto da Marina

Chega a primeira mulher. Marina. Aqui está o seu microconto:

17. Nunca conseguia tomar o ônibus, pois sempre lia que a entrada era pelos fundos. (Marina Lindenberg)

Número 16

16. Ele fugia de si mesmo. Acabou se encontrando no barbeiro. (P. Pelarin)

Primeiros quinze

Começo a publicar microcontos na corrida para os mil ou mais. Como sócio pleno convoco os amigos Senir e Vanin para produzirem as duas próximas dezenas.

1. A música enchia o ambiente, mas a sala estava vazia. Imaginei que você voltaria logo. (A. Morales)

2. Ele falou: me dói a alma. Ela lhe deu um beijo pra iniciar a cura. (Pablo Rico)

3. Craque mata a bola. O jogo acaba. (J. Novelino)

4. Ao comemorar a premiação com os amigos, bebeu o bar. (F. Cordão)

5. Recebeu flores murchas. Era um amor maduro. (J. Novelino)

6. Atendeu a porta pela janela. Afastou a cortina, fez um sinal com o indicador e voltou à sua rotina. (P. Pelarin)

7. Bolivianos bebem pinga no Bom Retiro, a chicha acabou. (J. Novelino)

8. Viajou para aprender nova língua. Ficou mudo. (F. Cordão)

9. Não sabe o segredo. Esqueceu as memórias dentro do cofre. (J. Novelino)

10. Virou manchete. Sempre foi notícia ruim. (J. Novelino)

11. Bebia muito. Faliu. Bebeu o bar. (Zeca Ildefonso)

12. Comia feijoada feito porco. Era praticamente um canibal. (Zeca Ildefonso)

13. Era um doce dietético, sem acúcar, sem afeto. (J. Novelino)

14. Sempre andou direito por linhas tortas. Tinha 14 graus de miopia. (Zeca Ildefonso)

15. Ela passeia no shopping, mas compra na 25 de Março. (J. Novelino)

Regras do jogo

A finalidade deste blog é a de oferecer um espaço para a publicação de microcontos por aposentados do Senac São Paulo e amigos. Para que os autores possam entrar no jogo, é preciso estabelecer algumas regras. Vamos pois a elas:

  1. São autores preferenciais os aposentados do Senac São Paulo.
  2. Amigos dos aposentados, que tenham trabalhado por algum tempo nas casas, podem ser autores também, desde que apresentados por algum sócio com direitos plenos.
  3. Todos os microcontos devem ser histórias contadas ou sugeridas com até sessenta letras (o número sessenta é uma homenagem à nossa média de idade!).
  4. Não serão contadas as palavras que compuserem o título do microconto (se o autor quiser ou precisar de um título para sua obra).
  5. Qualquer obra pode ser encaminhada ao grupo de aposendados do Senac em aposentadosSenac@yahoogrupos.com.br ou ao meu e-mail em jarbas@sdsualumni.org .
  6. As obras encaminhadas serão publicadas aqui com um número indicativo de ordem de chegada. [Lembrem-se: a meta é produzir pelo menos 1000 microcontos.]

Acho que não precisamos de mais regulamentos que esses seis pontos. Vamos precisar apenas de criatividade e de vontade de vencer o desafio.

Isso pega!

Em mais de uma conversa sobre microcontos, ouvi o comentário: isso pega! Pega tanto que o Zeca sugeriu que o caminho é o de produzir 1000 ou mais microcontos e publicá-los em livro. Espero que o desafio seja aceito. Para facilitar as coisas, abro este espaço para ir recolhendo os microcontos de aposentados do Senac São Paulo e amigos. Espero que a produção dos primeiros mil não demore muito. Mãos à obra!