quarta-feira, junho 29, 2005

Outros dez costumeiros do Seabra

682. O gato escondeu-se, o marido conseguiu escapar e os filhos não sofreram muito. Desta vez, sua TPM nem tinha sido das piores. (C. Seabra)

683. Ele estava completamente hipnotizado pela dançarina do ventre. Meio século depois, continuava. (C. Seabra)

684. O soldado era pago para matar. Foi dispensado quando começou a pensar. (C. Seabra)

685. Era uma democracia? O noticiário da TV mostrava tudo - mas só o que o dono da emissora queria. (C. Seabra)

686. A princesa beijava todos os sapos, esperando desencantar um príncipe. Mas seu pai, o rei, notório engolidor de sapos, não deixava escapar um! (C. Seabra)

687. O ministro estava sempre com a boca cheia de farofa quando proferia seus discursos explicando os juros à nação. (C. Seabra)

688. O lanterninha atrapalhado jogava silhuetas na tela, introduzindo novos personagens no filme. (C. Seabra)

689. As formigas, em longa fila indiana, indo de um quintal ao outro, eram a única coisa que unia aqueles dois vizinhos. (C. Seabra)

690. Toda nua, ensaboada, ela recordava debaixo do chuveiro aquelas mãos que não eram suas, mas que desejava que nunca abandonassem seu corpo. (C. Seabra)

691. Naquela sinfonia de mosquitos na madrugada, tentando matá-los, ele sentia-se um maestro com aquela almofada. (C. Seabra)

Aqui está o Juvenal

Finalmente o Juvenal comparece com uma coleção de microcontos. Já estamos à espera dos próximos, Juca!

677. Era casado com Chica Preta. Chegou o outro e ficou. (Juvenal)

678. De dia na luta. De tarde no bar. De noite, vem cá polaquinha! (Juvenal)

679. Aquela loura banguela. Tá bom, não tinha outra. (Juvenal)

680. Pulei a janela pra dentro. Chiiiii... Pulei pra fora. (Juvenal)

681. Plantei café, feijão, melancia. E a chuva, cadê? (Juvenal)

terça-feira, junho 28, 2005

Outra quina do Pelarin

Podia ter editado uma dezena do moço de Birigui. Mas acabei colocando no blog o material pelas remessas individuais. Por isso, aqui está mais uma quina.

672. "Comeu feijão com arroz como se fosse um principe" e tomou cachaça como o presidente. De um só gole. (P. Pelarin)

673. Cinqüenta e um era seu número de sorte e sua pinga predileta. Parece que o santo também apreciava. (P. Pelarin)

674. Depois de beberem "todas", sairam do bar e foram dormir no banco da praça. Ele e o santo. (P. Pelarin)

675. Pedia sempre ao santo do vizinho porque sabia que santo de casa não faz milagre. (P. Pelarin)

676. Resolveu colocar tudo em pratos limpos. O feijão, o arroz, a salada, o bife à milanesa... (P. Pelarin)

Quina do Pelarin

667. Desistiu de lutar. A esperança morreu com ele. (P. Pelarin)

668. Nada sobrevive à esperança. (P. Pelarin)

669. Havia uma esperança, mas ele, descrente, desconsiderou. (P. Pelarin)

670. Colocou na balança todas as suas virtudes e as vendeu a preço de bananas. (P. Pelarin)

671. Foi um pescador em águas turvas. Hoje, reformado, pesca tilápias na represa. (P. Pelarin)

Coisas de amor

651. Os olhos dela eram dois espelhos. Narciso se apaixonou. (j. novelino)

652. Abandonou a nora. Cansou-se de cornear o filho. (j. novelino)

653. Ele falava grego. Ela, português. Desentenderam-se a vida inteira. (j. novelino)

654. É traído pela mulher. Vinga-se amando-a cada vez mais. (j. novelino)

655. Desconfia que é filho ilegítimo. Seu pai nasceu na Cornuália. (j. novelino)

656. Generoso, presenteia os amantes de sua mulher. (j. novelino)

666. Casou-se três vezes com a mesma mulher. Sentia falta da sogra. (j. novelino)

Chico na China

Voltado da China, ainda com o fuso horário adiantado, Chico mandou os seguintes microcontos cometidos em Chung Kuo, o Império do Meio:

645. Banquete imperial: serpente, gato e frango - com honras de dragão,tigre e fênix. (Chico de Moraes)

646. Uma semana depois, batatas fritas com sanduíche de isopor já era banquete para os expatriados. (Chico de Moraes)

647. O gatinho miou com um rugido que despertava dragões. (Chico de Moraes)

648. A chinesinha olhou assustada, estranhando aquele inverossímil desfile de ocidentais. São todos iguais! (Chico de Moraes)

649. Negócio da China: Comprou uma lebre e levou um gato com seis vidas já gastas. (Chico de Moraes)

650. Ser imperador perdeu a graça. Agora qualquer turista anda por seus caminhos exclusivos. (Chico de Moraes)

Mais três do Senir

642. Nunca foi individualista. Trabalhava com as massas. Um tempo foi pedreiro, outro foi padeiro. (Senir Fernandez)

643. Sua mãe usava Cândida. Queria que usasse Quiboa. Achava que tinha mais sensualidade. (Senir Fernandez)

644. Era modelo. Dava golpes baixos. Mas sempre de salto alto. (Senir Fernandez)

Nove novos do Pelarin

632. Foi um padre de passeata, como dizia Nelson Rodrigues. Hoje reza missas no quartel. (P. Pelarin)

634. Menina bonita, medidas perfeitas, nunca pensou em ser modelo. Para frustração de sua mãe. (P. Pelarin)

635. Era um menino diferente: não queria ser médico, bombeiro, motorista de caminhão. Como o pai, queria ser servente de pedreiro e morar numa favela no Morumbi. (P. Pelarin)

636. No divórcio, atribuiu a má escolha ao Santo Antonio.

637. Político ético e transparente fazia questão de dar recibo quando vendia seu voto. (P. Pelarin)

638. O catador de recicláveis culpava a globalização e a expansão do meio circulante pela retração e alta dos juros. Seu cão abanava o rabo, concordando. (P. Pelarin)

639. Colocou as agressões num envelope e as devolveu ao remetente. (P. Pelarin)

640. Aproveitou as férias para pôr o trabalho em dia. (P. Pelarin)

641. Ao pé da letra, passava na cama todos os Repousos Semanais Remunerados. (P. Pelarin)

sábado, junho 25, 2005

Cinco nanocontos do Pelarin

Pelarin está cada vez mais econômico. Viajou do micro para o nanoconto. Grande exemplo! Vejam isso aqui.

627. O dote era bom. Uma boiada. Mas a noiva... Carne de pescoço. (P. Pelarin)

628. Negócio mal feito. Casou pelo dote, mas levou um chapéu do sogro esperto. (P. Pelarin)

629. Seu maior desafio no casamento foi manejar aqueles "trens de cozinha" e agüentar as indiretas da sogra. (P. Pelarin)

630. Três irmãs já idosas. Primeiro morreu Esperança, a mais nova. Nó nas tripas. (P. Pelarin)

631. No enterro de Esperança, todos lamentavam sua morte prematura. ( P. Pelarin)

sexta-feira, junho 24, 2005

Carlos Seabra: é dez!

Ensina a psicologia da percepção que vemos por meio de padrões. Ou, dito de outra forma, impomos padrões à chamada realidade. Pelas remessas de microcontos a este blog, pode-se concluir que diferentes microcontistas produzem dentro de certos padrões: Eliane, em série; os Z´s, em trincas; Erre Erre, quase sempre em quadras; e o Seabra, em dezenas. Assim, consistentemente, aqui está mais uma dezena do Seabra.

617. As borboletas eram tão lindas e coloridas! Pena que não voavam nem viviam, todas espetadas com alfinetes num quadro. (C. Seabra)

618. Abre a boca e olha o aviãozinho! Ele abriu e comeu tudo, mas alguns passageiros ainda ficaram presos em seus dentes. (C. Seabra)

619. Ele adormeceu lendo alguns contos de Augusto Monterroso. Quando acordou, a sogra ainda estava lá. (C. Seabra)1

620. O novo aparelho garantia orgasmos sem fim. Exausta, sem mais forças, ela ainda tentou achar o botão de desligar. (C. Seabra)

621. Deixou o carro com o manobrista e foi-se embora. Horas mais tarde, quando se lembrou, não conseguiu evitar o vexame na delegacia. (C. Seabra)

622. O louco no alto da montanha mascava cactos alucinógenos. Quando desceu, formou-se em direito e hoje é um digno promotor. (C. Seabra)

623. Nabucodonosor era um boi que pastava na Babilônia. Hoje, como touro reprodutor, faz o maior sucesso em Goiânia. (C. Seabra)

624. Os demônios olhavam para ele com olhos amarelados. Abriu sua alma e, quando viu o olhar deles ficar verde, soube que estava salvo. (C. Seabra)

625. Um sátiro de bacanais, uma messalina dos carnavais e cinco duendes infernais, aquele sonho foi demais! (C. Seabra)

626. Num momento normal de si mesmo, olhou-se para dentro e descobriu que há muito tempo não se via. (C. Seabra)

Mais séries da Eliane

Eliane continua a criar novas séries de MC's. Bom método! A idéia de série talvez possa ajudar escreventes mais tímidos que já pensaram em produzir microcontos mas não ousaram mandar suas histórias mínimas para publicação. Vamos lá, tímidos!

E aqui vão as novas séies e MC's da Eliane

Série Vida:

613. Gostava de nadar contra a maré. Morreu afogado. (Eliane Camargo)

614. Ana vivia metendo os pés pelas mãos. Virou contorcionista no Circo de Moscou. (Eliane Camrgo)

Série Cotidiano Babalu:

615. Passou a vida sonhando com o príncipe e não notou o vizinho que a olhava. (Eliane Camargo)

616. Toda segunda, reunião às 9h. Aquele dia, resolveu vestir-se de acordo e pôs um nariz de palhaço. (Eliane Camargo)

quarta-feira, junho 22, 2005

Mais Novelino

611. Aquele moço arrogante está muito ferido: saltou do próprio ego. (j. novelino)

612. Homem típico: foi conquistado e chutado por todas as mulheres que amou. (j. novelino)

Erre Erre outra vez

606. Revelação. Lia com muita dificuldade um texto de Morin quando explodiu assustando a todos na Biblioteca: "Edgar, você é do peru!" (Erre Erre)

607. Maldição. Todas o consideravam um santo, mas nenhuma deixou que ele conhecesse o paraíso. (Erre Erre)

608. Karma. Falava tão bem sobre a liberdade que se tornou escravo do próprio discurso.(Erre Erre)

609. Lógica. Aquele velho professor vivia sempre maltrapilho porque todos sempre lhe faziam elogios rasgados. (Erre Erre)

610. Esfinge. Para ele, todas as mulheres eram um enigma, se não as devorasse, elas o decifravam. (Erre Erre)

Outra trinca da Zezé

603. No palco, dois atores sem talento encenavam um texto sem paixão. Era a arte imitando a vida. (Zezé Pina)

604. Uma taça de vinho. Um cigarro na piteira dourada, almofadas de veludo, risos, tilintar de cristais... Clara adorava relembrar os velhos bordéis. (Zezé Pina)

605. Ouviu segredos, juras de amor, assistiu a brigas, viu reconciliações. Agora ali, naquele monturo, o velho candelabro jazia com os escombros da casa. (Zezé Pina)

Arraiá de São João

602 . Pra fugir da sogra, o noivo subiu no pau de sebo. (j. novelino)

Microcontos ou manchetes de Notícias Populares?

Pelarin andou lendo as folhas e delas retirou histórias de balas perdidas. São contos de tristeza, de morte. Mas são também histórias de um cotidiano de personagens que aumentam o apelo de vendas de um jornal como Notícias Populares.

598. No tiroteio com a polícia, mais algumas balas perdidas desperdiçadas. (P. Pealrin)

599. Encontraram a bala perdida no corpo do adolescente. (P. Pelarin)

600. Encontrou a morte numa bala perdida. (P. Pelarin)

601. Morreu por engano. Ficou no caminho de uma bala perdida. (P. Pelarin)

Seis Centos!

Pois é leitores, chegamos aos seis centos de microcontos. Grafei seis centos para enfatizar. Aprendi isso com minha avó, Dona Queta, que parece ter ditado a Guimarães Rosa muitas das expressões usadas pelo grande escritor. Dona Queta não dizia cem. Dizia um cento. Faltam, portanto, quatro centos de contos. Não é número grande. Acho que podemos chegar aos mil em menos do que um cento de dias. Bastam dedos no declado e algumas idéias na mente.

Mais três do conterrâneo do João Pacífico

Salvo lapso de memória (muito comum nos entas da vida), o autor dos MC's que seguem é conterrâneo do grande compositor de Chico Mulato , uma das melodias mais delicadas da nossa música. Falar nisso, com tanto caipira entre os autores, ainda não apareceu nenhuma história com cenários da roça ou sinais de cultura cabloca. Sinal de que todos nós fomos domesticados nos grandes comércios?

595. Veio. Limpou o jardim. Dormiu na casa. Brincou com as crianças. Um mês depois nos deixou. O sexo não foi bom. (Zé Kuller)

596. Saiu do subterrâneo. Em frente, ela se suicida. Pega a arma. Pensa que pode ser incriminado. Limpa as digitais. Joga a arma no rio. Vai embora. (Zé Kuller)

597. Brincavam de médico quando foram descobertos. Fora do canavial todos os esperavam. Não foi preciso julgamento. Eram culpados. (Zé Kuller)

Outros tantos contos do Pelarin

590. O cavalo do bebum era ensinado: parava em todos os botecos do caminho. (P. Pelarin)

591. Enfim caiu a ficha. O telefone estava desligado. (P. Pelarin)

592. Acendia o cigarro com isqueiro. A caixa de fósforos era para batucar o samba e jogar "porrinha". (P. Pelarin)

593. A mesa estava posta para duas pessoas. O castiçal, a vela, as flores, o bolero, o vinho, o Miojo... (P. Pelarin)

594. Não podia dar certo. Eram incompatíveis. Ele 110, ela 220. Deu oficina. (P. Pelarin)

segunda-feira, junho 20, 2005

Certeza

589. Tem certeza de tudo. Nunca aprendeu nada. (j. novelino)

Outra vez sete do Pelarin

582. Começaram dividindo o táxi num dia chuvoso. Hoje dividem o jornal e um quarto e sala. (P. Pelarin)

583. Todos gostavam dela, mas morreu mesmo assim. Poucos perceberam, mas o mundo ficou pior. (P. Pelarin)

584. Ela era seu porto seguro, onde soltava seus demônios, onde curava suas feridas. (P. Pelarin)

585. Saiu pra comprar pavio pro lampião e nunca mais voltou. Virou personagem do Adoniran. (P. Pelarin)

586. Tinha tudo pra dar certo. Só faltava crer. Somente a crença traz a certeza. (P. Pelarin)

587. Preocupado consigo mesmo não percebeu os sinais. Agora estava só. (P. Pelarin)

588. A janela permaneceu fechada, o gás aberto, a louça lavada, o leite do gato na tigela, um bilhete, um corpo. (P. Pelarin)

Nova dezena do Seabra

572. Seus olhos percorriam as costas desnudas dela, onde liam tantas histórias que o faziam divagar... (C. Seabra)

573. Ele era um operário padrão. Levantava furiosamente as paredes de tijolos porque a mãe nunca tivera mais que um barraco. (C. Seabra)

574. Acidente na estrada. Os que passam agradecem por não ter sido com eles. (C. Seabra)

575. Juca mordia as pernas da dona pois gostava de morder tudo o que lhe pertencia. (C. Seabra)

576. Foi sua primeira vez num restaurante japonês. Assustou-se com o guardanapo cozido e o peixe cru. (C. Seabra)

577. O decadente cineasta não fazia mais filmes. Agora colocava o que ainda lhe sobrava de talento para fazer patéticos discursos na TV. (C. Seabra)

578. Sentada no túmulo, como se estivesse num jardim, a jovem viúva lia poemas para o que tão cedo a abandonara. (C. Seabra)

579. Era quando ia ao banheiro que o rei, sentado em seu privado trono, gostava de cagar regras para os súditos. (C. Seabra)

580. Baco estava bêbado e Afrodite no cio. Naquela noite, os deuses no Olimpo não conseguiram descansar. (C. Seabra)

581. Quando ele descobriu que a namorada tinha um vibrador, ficou indignado, sentindo-se um corno eletrônico. (C. Seabra)

sábado, junho 18, 2005

Série Angola

570. Angola, mais de 40 anos de guerra por Independência e Poder. E agora, quem vencerá a guerra contra a miséria? (Eliane Camargo)

571. As flores voltam a desabrochar junto com pés vestidos de havaianas com bandeirinhasdo Brasil. É a globalização. (Eliane Camargo)

Mais sete do Pedro

563. A banda passou, o tempo passou, o caminhão de gás passou... Você não passou! (P. Pelarin)

564. Era de poucas palavras e poucas ações. Na verdade economizava tudo. (P. Pelarin)

565. Não era só introspecção. Não tinha o que dizer mesmo. (P. Pelarin)

566. Vivia absorto em pensamentos vazios. (P. Pealrin)

567. Parcimonioso, sempre se contentou com meias palavras. (P. Pelarin)

568. Não dizia nada entre linhas. Nem quando escrevia em papel pautado. (P. Pelarin)

569. A comunicação era difícil: só utilizava meias palavras e dizia quase tudo entre linhas. (P. Pelarin)

MC's do moço de Birigui

Salvo engano, é de Birigui o autor do MC's que seguem.

559. À noite é preciso ter cuidado: os malfeitores saem para o trabalho e todos os gatos parecem pardos. (P. Pelarin)

560. Morena estonteante entrou para conhecer a igreja. Foi a inspiração para muitos pecados. (P. Pelarin)

561. Dor muito intensa no peito. Por um instante pensou que estava morrendo. Estava. (P. Pelarin)

562. Não foi nada sério. Cada um seguiu seu caminho. Mas ela ainda guarda o papel do "Sonho de Valsa" que comeram juntos. (P. Pelarin)

MC's do moço de Alicante

556. Passou o braço nos ombros do neto e disse: Só existe um Deus, o Sol. Quando se apagar estaremos todos fodidos. (Pablo Rico)

557. Lançou um desafio: Se Deus existe a guerra não me atingirá. A bomba o pegou de jeito. Morreu dizendo: Agora tenho certeza que Deus não existe. (Pablo Rico)

558. Fora pai e avô de uma vez só. O tabu não conseguiu vencer o desejo. (Pablo Rico)

Padrão Z: Zezé

553. Deu-lhe um dicionário com o verbete antecuco grifado. No dia seguinte leu a manchete: Noivo mata noiva e depois se enforca. Leo não pôde mais dormir. (Zezé Pina)

554. A velha sovina morreu. Deixou à irmã o coração, ao irmão o fígado, à prima a córnea direita e ao primo a esquerda. O gato Luc herdou a mansão. (Zezé Pina)

555. A bandeiras despregadas, a platéia ri com as piruetas do palhaço. Só a mulher gorda percebeu que a lágrima em seu rosto não era desenhada. (Zezé Pina)

Séries mulher e homem, da Eliane

De mulher:

548. Micaela, menina moça. Ir à festa não podia, muito menina. Fazer guerrinha de mamona não podia, muito moça. Ser menina moça era chato. (Eliane Camargo)

De homem:

549. Era esperto aquele sujeito, adorava fingir-se de estúpido. (Eliane Camargo)

550. Não tinha mais o que dizer, aquele olhar já encerrava o assunto. (Eliane Camargo)

551. Com olhos cerrados esperava o rádio dar os números da Loteria. (Eliane Camargo)

552. Foi demitido e só pensou que agora era parte da Estatística de Desempregados. (Eliane Camargo)

Três educacionais do Zé Kuller

545. O mestre concluiu a obra prima. Escondido, só ele viu o toque final. O horrível segredo consumiu-o por dentro. A vida toda permaneceu aprendiz. (Zé Kuller)

546. O menino aprendia o ABC. Nada fazia sentido! Um dia a professora perguntou: de quem é isso? Num clarão, viu o próprio nome. Tinha aprendido a ler. (Zé Kuller)

547. A biblioteca dava acesso a tudo. Lia desesperadamente. Tudo o interessava. Mergulhou em um oceano de descobertas. Foi reprovado. (Zé Kuller)

quinta-feira, junho 16, 2005

Mais MC's educacionais

Tento colaborar com a campanha do Pablo no sentido de termos uma rica coleção de MC's educacionais. Desde já, acho que vale um alerta: nada de MC's educativos. Ou seja, nada de MC's com pretenções didático-pedagógicos. A didática assassina a arte.

543. O melhor professor da escola é perseguido pela patrulha construtivista. Ele ensina. (j. novelino)

544. Grande pesquisadora foi demitida. Na avaliação docente, um aluno ignorante disse que ela não conhecia o assunto. (j. novelino)

Nanocontos

Há quem defina microcontos como histórias contadas ou sugeridas com o máximo de 50 letras. Em nossa definição, fomos mais liberais: definimos os microcontos como histórias mínimas com o máximo de 150 caracteres. No conjunto que segue fico no limite das 50 letras. Mais (ou menos?) que microcontos, são nanocontos.

538. É homem sem sentimentos, mas mantém duas amantes. (j. novelino)

539. Estação Esperança: o trem não parou. (j. novelino)

540. Revelam-se amores no escuro do cinema. (j. novelino)

541. Cala com um beijo o primeiro "te amo". (j. novelino)


542. Com ódio, confessa um amor impossível. (j. novelino)

Mais padrão Z

Consistentemente, aqui vão mais três microcontos do Zeca:

535. Depois do casamento dobrou de peso. Na separação quis processar a mulher por bigamia. (Zeca Ildefonso)

536. Era gentil, franco, hilário, expedito, plácido, clemente, amado, quase santo. Mas chamava-se Cleovaldo Pires. (Zeca Ildefonso)

537. Os olhos da moça contavam toda estória. A lágrima foi só o ponto final. (Zeca Ildefonso)

quarta-feira, junho 15, 2005

Outros de Fernando Moraes

Fernando, assim como o Senir e Erre Erre, demora um pouco mais a comparecer. Mas quando chega tem uma boa quantidade de histórias mínimas pra contar. Ei-lo aqui de novo:

529. Todo dia, àquela hora, sentado no alpendre via a vida passar, bem em frente à sua casa. Dos olhos de cada um roubava uma emoção. Do andar, uma direção. (F. Moraes)

530. Maria já não ia à missa apenas por vontade: ia por desejo de aflição. Tinha jeito pra olhar o Cristo na cruz até partir seu coração. (F. Moraes)

531. A água na chaleira fervia fazendo algazarra. Teria forças outra vez para se encher de fantasia? O sol já inundava a varanda de fresca luz. (F. Moraes)

532. Portões de ferro, grades virtuais, delatores eletrônicos, olhos mágicos... um choque de civilização para "esquecer" o mundo cão. (F. Moraes)

533. Paredes nuas de tijolo e reboco passam pelas janelas do automóvel. Lá dentro, gentes de outro mundo... lição de casa, televisão, mamadeira, ilusão... (F. Moraes)

534. Olhei o homem dormindo debaixo do banco no chão da praça; corpo torcido feito trapo; pés sujos dos caminhos da vida. Aquilo era solidão. (F. Moraes)

Contos do Demônio

Acabo de receber de Erre Erre quatro MC's. O autor os colocou num conjunto que atende pelo nome de "Contos do Demônio". Nesses tempos bicudos de provável venda de almas em alguns escalões da nossa república, parece que o demo anda solto. Mas com tempo para inspirar microcontos.

525. fausto.com Decidiu vender sua alma ao demônio mas não conseguiu acessar a internet. Que inferno! (Erre Erre)

526. Guarida. Nunca expulsou seus demônios pois não saberia viver sem eles. Guardava-os, bem comportados nos porões da sua alma. (Erre Erre)

527. Flexível. Quando sua vida se tornou um inferno, tornou-se o melhor amigo do demônio. (Erre Erre)

528. Dorian 21. Era tão medonho, tão repugnante, tão abjeto que o espelho se recusava a refletir sua imagem. (Erre Erre)

Série Homem, da Eliane

Outros MC's da Eliane. Ela os classificou numa série à qual deu o nome de Homem. Vejam.

522. Não gostava de bêbados, nem tampouco de loucos... Os ditos "sãos" já lhe davam trabalho suficiente. (Eliane Camargo)

523. A vida sempre a lhe pregar peças... Quando achava que tudo já estava assentando logo chegava uma novidade de arromba! (Eliane Camargo)

524. Ele não conseguia entender o poder que aquele careca, baixinho e barrigudinho exercia sobre as mulheres. E detalhe, nem era rico!!! (Eliane Camargo)

Mais Eliane Camargo

Eliana reapareceu. Mandou quatro mc's. Dois (muito bons), porém, estouraram o limite dos 150 caracteres. Uma pena. Vamos ver se ela consegue contar as respectivas histórias com maior economia de letras. A autora em suas quatro histórias propunha-se a inaugurar duas séries: 1. mulher e 2. Angola. Não os editei separadamente, mas o primeiro mc que segue é da série mulher, o segundo, da série Angola.

520 Ela chegou batendo a porta! Ele entendeu o recado... Ela estava de TPM e não queria conversas . (Eliane Camargo)

521. A guerra criou a Diáspora... Milhares fugiram... Milhares morreram... Mas hoje já há esperança... Não se sabe esperança do que mas ela existe. (Eliane Camargo)

Uma dezena de Carlos Sabra

510. O maior fetiche do ceguinho tarado era poder ser voyeur. (C. Seabra)

511. No meio do combate ao crime internacional, o agente secreto teve que parar tudo e obedecer o comando de sua mãe para jantar. (C. Seabra)

512. De tanto aplicar multas, o guarda de trânsito adquiriu uma lesão de esforço repetitivo. (C. Seabra)

513. O velho general, na cama, sonhava com todas as guerras que nunca travara mas para as quais toda a vida se preparara. (C. Seabra)

514. Apague a luz, pediu ela. Me dá um beijo, ele pediu. E para todo o resto não precisaram de mais palavras. (C. Seabra)

515. No feriado prolongado a cidade vazia estava tão calma como uma aldeia na hora da sesta. (C. Seabra)

516. Ela recebeu um buquê de rosas. Um espinho perdido tirou-lhe uma gota de sangue, que se escondeu vermelha entre as pétalas. (C. Seabra)

517. No leito seco do rio, tristes pescadores sem sustento. Mas o choro das nuvens, compadecidas, lhes traz novo alento. (C. Seabra)

518. Ela era negra e ele judeu. Ela era católica e ele ateu. Ele engordou e ela emagreceu. (C. Seabra)

519. O colesterol não lhe deixava comer queijos, o diabetes lhe proibia os doces. Ainda bem que trepar não tinha restrições! (C. Seabra)

Estatísticas

Deixei passar a ocasião. Mas quando chegamos aos 485, o Seabra fez mais uma estatística sobre o nosso desempenho em microliteratura. Os resultados foram os seguintes:

Subtotais dos primeiros 485 microcontos:

99 P. Pelarin (20,37%)
80 J. Novelino (16,46%)
80 C. Seabra (16,46%)
38 Senir Fernandez (7,82%)
29 Erre Erre (5,97%)
26 Chico de Moraes (5,35%)
21 Zezé Pina (4,32%)
18 Zé Kuller (3,70%)
16 Pablo Rico (3,29%)
14 F. Moraes (2,88%)
13 Cléo (2,67%)
12 Zeca Ildefonso (2,47%)
12 Gil (2,47%)
11 F. Cordão (2,26%)
07 A. Morales (1,44%)
02 Elias Tambur
02 Gislene, Zé Paixão e Cléo
01 Salete Cordão
01 Regí Oscar
01 Marina Lindenberg
01 Juvenal
01 Elias Tambur
01 Eliane Camargo

Zezé: 3+3

504. Naquela galáxia distante a mãe verruga aconselha seu filho a não contar estrelas... Pois poderiam nascer-lhe meninos na ponta do dedo. (Zezé Pina)

505. No céu, as inscrições para reencarnação foram abertas. Foi a primeira a chegar ao guichê das amantes. Desta vez, não lavaria cuecas por mais uma vida. (Zezé Pina)

506. Na gaveta da cômoda, os papéis amarelados pelo tempo, contavam histórias de amor que há muito tinham sido esquecidas. (Zezé Pina)

507. Na convenção anual das bruxas, o grande sucesso foi a apresentação do novo modelo informatizado de vassoura voadora. (Zezé Pina)

508. Naquele final de manhã, quis lançar-lhe uma praga. Mas seria um desperdício gastar com ele tanta energia. Achou melhor comprar um vestido novo. (Zezé Pina)

509. O velho duende não achou seu pote de ouro. Percebeu que fora enganado, não lhe restou alternativa: roubou as cores do arco-íris. (Zezé Pina)

segunda-feira, junho 13, 2005

MC's en coplas

Na tradição de nossos hermanos de Espanha, há uns versos populares chamados coplas. O grande Antonio Machado fez coisas belíssimas a partir de tal tradição. E o Pablo, ao ver meu mc sobre São Sebastião, santo que parece fazer papel de revista pornô para velhas beatas, lembrou-se de uma copla de sua terra muito próxima (a copla) de em microconto. Vejam aqui nossa primeira história mínima no idioma de Cervantes, sem valer para a contagem final mas inspiradora:


Glorioso San Sebastián
si en este tiempo tan crudo
te tienen, así, desnudo
en el verano qué harán?

Três MC's de Ficção Científica

Dentro do padrão Z, Kuller enviou os seguintes microcontos.

501. Vieram todos curiosos. A máquina do tempo regressara do século VI. Como aquele astronauta chegava do passado? (Zé Kuller)

502. Estava solitário no planeta deserto. A nave fora destruída. Religioso, pediua Deus uma Eva. (Zé Kuller)

503. Inventara uma televisão que transmitia o passado. Foi preso. (Zé Kuller)

!!!!!!!! QUINHENTOS !!!!!!!!

!!!!!! QUINHENTOS !!!!!!
Pois é... Chegamos aos quinhentos. Faltam apenas outros quinhentos. Vamos buscar mais autores. Vamos buscar mais histórias. Vamos fazer história. Já abri um Canônico da adega do Tonhão para comemorar. O champanhe fica para os mil e tantos.

MC's educacionais

Pablo lança novo desafio: microcontos educacionais. Certamente os autores conhecem bem o assunto. Conhecem o trágico. Conhecem o cômico da educação. É só pensar um pouco, lembrar situações, buscar inspiração e produzir histórias mínimas sobre escola (podem usar a palavra sem medo de desagradar ao superintendente!), ensino (não se deixem inibir por causa da patrulha construtivista), aprendizagem, castigo, competição, métodos antigos e modernos, lições, notas etc. etc. Aqui vão os primeiros mc's educacionais da lavra do Pablo:

496. Naquela curva de minha educação tudo que era bosta encalhava. (Pablo Rico)

497. O professor incentivava os alunos a sonhar grande. Viviam cochilando na sala de aula. (Pablo Rico)

498. O professor acreditou na proposta pedagógica da escola: formar as elites para que estas mudassem a sociedade. Os alunos educaram antes o mestre. (Pablo Rico)

499.O acadêmico pagou a conta com 1 teoria de Física. Levou de troco 6 teorias de Administração, 1 dúzia de palpites de Ciência Econômica e o receituário pedagógico completo da Aprendizagem com Autonomia. (Pablo Rico)

500. Antes de aprender a ler foi iniciado numa de tantas metodologias da aprendizagem: A letra com sangue entra. Ficou esperto. Alfabetizou-se rapidinho. (Pablo Rico)

Mais alguns do Pedro

489. Grotescamente esnobe, nas compras, fugia das ofertas como o diabo da cruz. (P. Pelarin)

490. Na feira das vaidades comprou um pouco de tudo. Pagou em sete vezes. No cartão. (P. Pelarin)

491. Foi às compras. Sua baixa estima estava muito alta. (P. Pelarin)

492. Para enriquecer o currículo, trabalhou de graça na Daslu. Hoje, "faz o social" num restaurante de luxo. (P. Pelarin)

493. Quando estava com tpm, nem seu gato chegava perto.(P. Pelarin)

494. Tirou a pilha do relógio pra não ver o tempo passar. (P. Pelarin)

495. Naquela casa, só a folhinha da cozinha lembrava o tempo presente. (P. Pelarin)

domingo, junho 12, 2005

Bernie e Pie

Em sua primeira vinda ao Brasil no final dos anos oitenta, Bernie Dodge coordenou um seminário memorável sobre simulações e softwares educacionais. Tal seminário deu subsídios para o atividades de uma equipe de trabalho que fez história no campo de usos educacionais dos computadores. A equipe era conhecida como PIE (Projeto de Informática e Educação do Senac de São Paulo). Em sua estada recente no Brasil (maio de 2005), Bernie encontrou-se com alguns de nós do velho PIE. E, como exigia um famoso comediante tupiniquim, a cena foi fotografada. Na foto, da direita para a esquerda, estão Seabra, Luciano Ramalho, Bernie e Jarbas.



quarta-feira, junho 08, 2005

Um, dois e três: Zeca

486. Queria mudar o mundo, mas não conseguia nem arrumar o seu quarto. (Zeca Ildefonso)

487. O bom aluno hastearia a bandeira. Não pode porque não tinha sapatos. O filho do Delegado hasteou. Era mau aluno, mas tinha sapatos. (Zeca Ildefonso)

488. Era bom de cama e de Estatística. Não admitia baixa nos índices de sua performance nas cantadas. Nada menos que os 10% de taxa de sucesso. (Zeca Ildefonso)

Mais Fernando de Moraes

481. Seu mundo estava em chamas. Suas fantasias pulavam pela janela; Esperança o abandonou a si mesmo. O mundo ficou grande demais. (F. Moraes)

482. Já não se ouvia mais qualquer grito, um suspiro sequer; apenas o silvo fino do gás escapando. Ainda de pé, totalmente nu, pensou em seu pai. (F. Moraes)

483. Semi-imerso na banheira, observei o movimento redundante da espuma... cada bolha um pequeno espelho, mil olhos olhando para mim. (F. Moares)

484. Na penumbra do quarto, mãos zelosas amparavam a febre intensa. O lenço úmido na testa colhia um pouco do sofrimento; a bacia já se enchia de preocupação. (F. Moraes)

485. Figuras grotescas bruxulearam sombriamente na parede iluminada pela chama da vela. Forçou lembrança de nuvens e assim dormiu. (F. Moares)

Microcontos do Chiquinho

473. Que tal um cineminha? Tem um filminho legalzinho. (Chico de Moraes)

474. Depois, um cigarrinho. Antes, um, cafezinho. Infartozinho a prestações. (Chico de Moares)

475. Que bonitinho! Bochechinhas rosadinhas, jeitinho esperto. Parece um banqueirinho! (Chico de Moraes)

478. Uma florzinha, num vasinho novinho. Comemorou-se o dia dos namoradinhos. (Chico de Moraes)

479. O violãozinho retinia sonzinhos ancestrais. Antiguidades comezinhas. (Chico de Moraes)

480. Ajustes milimétricos levaram a bombinha nuclear ao pontinho certo no mapinha. Certinho? (Chico de Moraes)

Um, dois e três: Zezé

470. A mulherzinha, na mesa ao lado, era tão desagradável que o garçom não titubeou em lhe trazer a caipirinha temperada pela própria saliva. (Zezé Pina)

471. A liberdade estava ali tão próxima. Para alcançá-la, só precisou deixar-se levar pelo vento que envolvia o penhasco. (Zezé Pina)

472. Há muito não se toleravam, mas a hipótese de um deles ficar sem o gato era a única razão para ainda não se terem separado. (Zezé Pina)

A volta dos eclesiais

463. Triste, o velho padre vê a calebração de mistérios converter-se num circo sem segredos. (j. novelino)

464. O padre superior é um homem de paixões baixas. (j. novelino)

465. Homem de fé, o vigário casava suas amantes com os paroquianos mais devotos. (j. novelino)

466. Com a morte da mãe beata, ele pôde deixar a Igreja na qual nunca acreditou. (j. novelino)

467. Deprimido e sem esperanças, o santo monge procura sua fé perdida. (j. novelino)

468. Aos setenta anos, depois do acidente que o deixou paraplégico, monsenhor, horrorizado, soube que era ateu. (j. novelino)

469. O voto de pobreza dá ao frade mendicante grande tranquilidade para aplicar na Bolsa. (j. novelino)

Outro lote de dez

453. O gato foi ao cinema mas não entendeu um miau pois as legendas eram em auau. (C. Seabra)

454. No restaurante, brigaram feio na hora de escolher entre calabresa e mozarela. A noite não acabou em pizza. (C. Seabra)

455. A churrascaria não era das melhores. Até as coxas da garçonete pareciam mais suculentas que a picanha. (C. Seabra)

456. Ele morava no alto da montanha. Depois de tantos anos, já não sabia a diferença entre formigas e humanos. (C. Seabra)

457. O andróide saiu da fábrica e viu os humanos em greve lá fora, mas não estava programado para entender o que acontecia. (C. Seabra)

458. Depois de acariciar demoradamente a lamparina mágica, a sensual fada satisfez seus desejos três vezes. (C. Seabra)

459. Era uma feroz luta pelo poder, sem tréguas nem vencedor final: marido e mulher disputavam o controle remoto da TV. (C. Seabra)

460. Uma onda gigante levou seu filhos. Outra onda, bem menor, trouxe de volta os seus cadáveres. (C. Seabra)

461. O grande pirata dominava o mercado da música. Seu inimigo eram os piratinhas que copiavam musiquinhas. (C. Seabra)

462. O show acabou e desligaram as luzes do palco. Mas ele continuava lá, esperando os aplausos que não vieram. (C. Seabra)

Cléo, Senir e Pablo

449. Nada havia para admirar o belo; passou a contemplar tragédia! (Cléo)

450. Era um poeta bissexto. Escreveu um único e derradeiro poema: o próprio epitáfio. (Senir Fernandez)

451. Ficou louco por neologismos. Foi hospicializado. (Senir Fernadez)

452. "Drinki-drinki, fucki-fucki e mangiare": bases de sustentação de sua fenomenologia do espírito. (Pablo Rico)

Alguns mais do Pelarin

443. Morreu com 120 quilos. Em vida sempre foi um peso morto. (P. Pelarin)

444. Resolveu viver cada dia como se fosse o ultimo. Acertou logo na segunda semana. (P. Pelarin)

445. Ausentou-se por mais de um mês. Seu receio era o marido se acostumar com sua ausência. (P. Pelarin)

446. O cheque era especial, mas o saldo... Uma merda! (P. Pelarin)

447. Descobriu que sua conta conjunta estava no vermelho. Ficou roxo de raiva. (P. Pelarin)

448. Parece que o tema "fúnebres" para microcontos não sobreviveu. (P. Pelarin)

segunda-feira, junho 06, 2005

ZZZ

440. O pescador não voltou à praia. Na procela, seu barco procurou abrigo num rochedo. (Zezé Pina)

441. Levantou-se e foi até a cozinha. Esperou, como era costume, que ela lhe servisse o café. Mas, naquela manhã, só o jornal lhe fez companhia. (Zezè Pina)

442. Olhou ao seu redor e só encontrou um enorme vazio. Finalmente, percebeu que na busca por novos amores, não teve tempo para viver um. (Zezé Pina)

domingo, junho 05, 2005

Limites

438. Escreveu uma lauda e esgotou todo o seu vocabulário. (j. novelino)

439. Beijou a sogra cumprindo penitência imposta por seu confessor. (j. novelino)

Outro corpo ou o corpo de outra

Lembram-se de um mc do Cordão que fazia menção ao corpo da Sophia Loren? Se a memória de vocês não estiver em ordem, repito para seu benefício a história do Cordão:

O Cardeal romano dando comunhão para Sophia Loren : "Dio, que corpo ! (F. Cordão)

Ao ver tal texto, saí em busca de uma ilustração. Mas fui atrás do corpo errado. E achei uma figura que faria qualquer Cardeal exclamar "Dio, que corpo". Assim, para economizar tempo, resolvi mudar um pouquinho a referência do Cordão e publicar aqui uma foto inesquecível da Gina Lollobrigida.



Mais Encontros, desencontros, amor e paixão

429. Ele nunca entendeu que aquele sorriso luminoso era paixão. (j. novelino)

430. Embora seu nome significasse alegria, ela causou muita tristeza. (j. novelino)

431. Ele a via como criança, ignorando um amor fogoso que se escondia em gestos delicados. (j. novelino)

432. Esqueceu-o assim que satisfez seu desejo de fêmea. Ele continua apaixonado. (j. novelino)

433. Acordou com terríveis dores de cabeça e intrigada com aquele homem desconhecido dormindo em sua cama. (j. novelino)

434. O velho contínuo era o único a sentir o forte cheiro de fêmea da recepcionista. (j. novelino)

435. Saiu para almoçar com o chefe. São sete horas da noite e ele ainda não teve tempo para chamar a copa de andares. (j. novelino)

436. Ela conta sua vida íntima para desconhecidos. É assim que o marido descobre suas incompetências sexuais. (j. novelino)

437. Pede tradução para "dance comigo". E o intérprete vai para a pista com a mulher que ele deseja. (j. novelino)

Maiz trez de um Z

426. Filho de uma geração de clones tinha perdido a memória do pai. (Zé Kuller)

427. Era o dono da rua. Agora, entre minhas pernas, o seu rosto está cheio de sangue. Vencido ou vencedor? Olho com horror para minhas mãos. Peço paz. (Zé Kuller)

428. Na calada da noite, decidiram tudo. O povo sofreria amanhã. (Zé Kuller)

Microcontos fúnebres

O Pelarin propõe nova série: mc fúnebres. Velório, últimas vontades, comportamento de viúvos e herdeiros, aquele cão que não perdia um velório, carpideiras de aluguel, ornamentos funerários, anuncios fúnebres, conforto (ou desconforto) do caixão, reza do miserere e muito mais. É um filão respeitável. Animem-se, microcontistas!

421. No velório, confundiu a sala e acabou rezando pro defunto errado. (P. Pelarin)

422. Gostava de velório. Era onde costumeiramente tomava o café da manhã. (P. Pelarin)

423. O consolo da viúva era a gorda conta bancária do falecido. (P. Pelarin)

424. Viúva de sorte! Já saiu do cemitério com vários pretendentes. (P. Pelarin)

425. O seguro de vida era tão bom que a viúva foi curtir as saudades e chorar em Paris. (F. Cordão)

sábado, junho 04, 2005

Cena de Esperando Godot

Referências

Muitos microcontos têm referências, literárias, sociológicas etc. Referências parecem ajudar a imaginação. Ajudam também na economia verbal necessária para produzir bons mc's. A série que segue nasceu de referências.

412. Eu não sou mais eu, perdi minhas circunstâncias. (j. novelino)

413. É filósofo medíocre. Duvida de Kant sem razão. Critica Descartes metodicamente. (j. novelino)

414. Júlio César atravessa o Rubicão. Asterix comemora. (j. novelino)

415. Depois que descobriu o significado de seu nome, Andréia saiu do armário. (j. novelino)

416. Godot já se foi, cheguei atrasado. (j. novelino)

417. Gutemberg sempre causou boa impressão. (j. novelino)

418. Ao contrário do que se esperava, Ângelo nada anunciou. (j. novelino)

419. Daltônico, largou o LSD. Não conseguia ver as cores alucinantes produzidas pelo ácido. (j. novelino)

420. Meteram o padre no calabouço, ele não quis rezar uma missa por Paris. (j. novelino)

Três vezes Z

Parece que autores cujos nomes começam com Z gostam de contar contos de três em três. É caso de consultar algum numerólogo. O fenômeno já foi constatado pelo Seabra que, em levantamento sobre autores de mc's, notou que Z's acumulam contos em múltiplos de 3 (aliás na ocasião da descoberta do Seabra, Zezè, Zé Kuller e Zeca Ildefonso acumulavam o quadrado de três). E claro, três são os Z's! Assim continua a história com mais estes três do Zé Kuller:

409. Sentado no meio da mudança na boléia do caminhão. Destino? Cidade. Futuro incerto. (Zé Kuller)

410. Uma angústia no peito. A corrida. O arrozal. A queda. Sol e espigas no encontro de amarelos. Um grito e a descoberta. Eu existo. (Zé Kuller)

411. Ele estudava à noite. Ela de manhã. Trocavam bilhetes escondidos na carteira. Nunca se encontraram. (Zé Kuller)

Uns tantos outros de Pedro Pelarin

403. Fez confusão. Misturou as coisas. O lobo desdenhou as uvas e a raposa comeu a vovozinha. (P. Pelarin)

404. Não conseguiu dormir. Uma das ovelhas recusou pular a cerca. (P. Pelarin)

405. Quando se encontrava sozinho, perdia-se em pensamentos. (P. Pelarin)

406. Quem ganhou a guerra das cervejas foi o Zéca Pagodinho. (P. Pelarin)

407. Numa demanda, quem nunca perde são os advogados. (P. Pelarin)

408. Não tinha ambição. Aposentou-se como estagiário. (P. Pelarin)

Anjo de Microconto

Lembram-se de um microconto de anjo de procissão? Era uma história mínima de Zezé Pina. Ao publicá-lo, procurei na web figuras de anjos de procissão. Achei uma linda e coloquei aqui nos Primeiros Mil. Depois a Zezé me revelou que tinha a foto inspiradora daquela história. A foto é essa aí; um anjo de candura, ensaiando poses para a a procissão.

Quatro Centos e Tantos

Nem tive tempo de preparar os leitores para a comemoração dos quatrocentos. Chegamos a eles, como dizem os boleiros a respeito de gols, "naturalmente". O negócio agora é perseguir a chegada à metade do caminho. Depois de meio caminho andado, dá prá iniciar uma contagem regressiva em busca da meta. Estamos quase lá!

É hora de buscar os autores devedores: Juvenal, Guima, Ademir, Luciano, PC, Gerson e muitos outros que se escondem atrás de timidez ou síndrome macunaímica (claro que passageira). Mais lembranças de outros: Márcio Polidoro, Valdir, Mazzini, Jonas Oliva, Beth Salum e muitos tantos outros. Para quem está lendo estas linhas, além do desafio de escrever seus mc's, fica a obrigação de achar alguns dos aqui nomeados para as devidas cobranças. Mais um outro: Negrini. E outro: Vanin. E outro:... Ouvi no fundo uma voz tímida a pedir microcontos do Décio Zanirato.

Mais contos de reis

399. Errata. "O rei está nu!" gritou o menino. Mas quando percebeu o olhar furioso do segurança que avançava em sua direção, emendou: "Primeiro de abril!" (Erre Erre)

400. Le soleil c'est moi. O rei está nu e displicentemente caminha numa elegante e recatada praia de nudistas ao sul da França desfrutando merecidas férias de verão.(Erre Erre)

401 Friagem. "O Reis está nu!" gritou seu antigo companheiro de noitadas quando viu sair do cassino onde literalmente perdera suas calças. (Erre Erre)

402. Recall. "O rei está nu!" informou a auxiliar ao cirurgião que conferia suas anotações. "Ótimo!" ele disse. "Conduza-o à sala de lipoaspiração". (Erre Erre)

Três genéricos do double R

396. Gênesis. No início era o verbo, depois o advérbio, a conjunção, e o sujeito que procurava objetos. Como eram poucos e o espaço limitado, organizaram-se num microconto. (Erre Erre)

397. Retórica. Tropeçava nas palavras que, indignadas o maldiziam. Fugiam quando mais delas, ele precisava. Foram infelizes para sempre. (Erre Erre)

398. Jocasta. Adorava dar banho no seu bebê. Dezoito anos depois essa vontade se transformou num desejo louco que a consome por dentro, numa culpa imensa que a enlouquece por fora. (Erre Erre)

Do filho de Itirapina

391.Pedreiro, nunca viu uma pedra. Sempre morou na praia e só de tijolos fez toda sua alvenaria da vida. (Chico de Moraes)

392. O pai sempre quis que ele fosse médico. Era seu sonho de infância, do pai, que conseguiu ter uma grande rede de açougues, apesar de analfabeto. (Chico de Moraes)

393. O médico foi muito recomendado, mas o caipira voltou irritado quando o amigo leu para ele a placa no consultório: OCULISTA. Que peça! Seu problemaera nos OLHOS! (Chico de Moraes)

394. Avesso a novas tecnologias, o operador de telex recebeu a carta de demissão por e-mail. (Chico de Moraes)

395. O carreiro velho foi atropelado por um caminhão na entrada do frigorífico. (Chico de Moraes)

MC's politicados

389. O 12, para o bem de todos, fez a escolha errada. Ganhamos. (Pablo Rico)

390. No meio do pileque bradou: "Fi-lo porque qui-lo". Agradou. Nunca mais deixou secar a fonte de inspiração. (Pablo Rico)

Rinha e raia

Em postagem sobre os mais recentes contos enviados pelo Cordão, cometi um deslize imperdoável. É até provável que a PF tenha procurado nosso conhecido professor, pois eu disse que ele não foge da rinha. Aviso aos navegantes: o senhor Francisco Aparecido não passa nem perto de rinhas. O negócio dele são as raias... Imaginem o Professor Cordão insistindo num delito de contravenção. . Impossível!

Outros dez do gajo de Lisboa

379. Os retratos que povoavam suas paredes eram os únicos interlocutores com quem a velha senhora ainda conversava. (C. Seabra)

380. O toca-discos arranhava um velho vinil enquanto uma última lágrima sulcava suas faces enrugadas, agora na paz de um sorriso final. (C. Seabra)

381. Naquele Natal ele trouxe para casa o filho que havia feito em suas viagens. (C. Seabra)

382. Os passos da tropa acompanhavam o ritmo do espoucar dos rojões, anunciando a subida da polícia na favela. (C. Seabra)

383. Ela tinha ciúmes de como ele abraçava o violoncelo. Ainda, pelo menos, se fosse outra mulher... (C. Seabra)

384. O vaqueiro aboiava ao entardecer e todo o sertão silenciava para se recolher. (C.Seabra)

385. No meio da madrugada, seu desafio, naquela improvisada gincana, era achar chocolate e abacaxi para a grávida que o aguardava em casa. (C. Seabra)

386. Na tarde, tão quieta, só se ouvia o tique taque do relógio e uma mosca tentando sair pelo vidro da janela. (C. Seabra)

387. Tiros, explosões, membros decepados e muito sangue, era a grande novidade do mais recente seriado americano na TV. (C. Seabra)

388. Ela ia mal na escola, mas seus Sims, no computador, eram os melhores alunos e só tiravam notas altas. (C. Seabra)

sexta-feira, junho 03, 2005

Memória urbana

376. Três décadas separavam suas estadas na praça. Na primeira, fugia da polícia. Depois, comemorou a revolução. Hoje faz coleta seletiva de lixo. (Zé Kuller)

377. A fachada oculta a história. Foi bar. Ponto de encontro de músicos da noite. Vi Pixinguinha ali. Foi quitanda. Hoje é lotérica. Vende ilusões. (Zé Kuller)

378. Sobre a erosão construíram as casas. Depois de meio século, cupins infestam a cumeeira. Memórias do tempo. (Zé Kuller)

Cordão aceita provocações

O velho Cordão não foge da rinha. Provocado, compareceu. Com eclesiais, como era de se esperar, e com outros da vida leiga. Confiram.

369. O Consultor não lia sequer microcontos. Andava mais ocupado que mictório público em dia de festa da Padroeira. (F. Cordão)

370. O Padre, exausto, ao penitente que confessara ter cometido o pecado original: "Olá, Adão, você por aqui ?" (F. Cordão)

371. O coral das prostitutas recebendo no Céu a Madre Superiora : "não era pecado, não era pecado !!!" (F. Cordão)

372. O Cardeal romano dando comunhão para Sophia Loren : "Dio, que corpo ! (F. Cordão)

373. "Getúlio Vargas respondendo a São Pedro porque estava olhando tanto para baixo : "É que eu deixei o Café no fogo" (F. Cordão)

374. Início de carta de protesto das prostitutas às autoridades constituidas : "meus filhos..." (F. Cordão)

375.Conselho de Reitor a jovens seminaristas : "Não imitem a Nossa Senhora na visita à prima Isabel" (F. Cordão)

Encontros, desencontros, amor e paixão

359. Foi um amor fugaz, mas definitivo. Ele jamais a esqueceu. (j. novelino)

360. Ela é linda de morrer. Matou o pobre velho de paixão. (j. novelino)

361. Em nosso reencontro tínhamos destinos distintos. Ela foi para o Sul. Eu, para o Norte. (j. novelino)

362. Música e escuro da noite revelaram beleza estonteante que se dissipou à luz do dia. (j. novelino)

363. Pobre menino feio! Nunca soube que aquela beleza inatingível morria de paixão por ele. (j. novelino)

364. Indeciso, apaixonou-se pelas duas irmãs gêmeas. (j. novelino)

365. Morreu de paixão antes que o ciúme matasse seu grande amor. (j. novelino)

366. Eram muito parecidos e narcisistas. Casaram-se e foram felizes para sempre. (j. novelino)

367. Ela trocava seu nome pelo nome do antigo namorado. Ele a trocou por uma mulher de boa memória. (j. novelino)

368. Descobriu, nas bodas de prata, que a grande traição dela foi ter se casado com ele. (j. novelino)

Mais três do Zeca

356. Era muito complicado.Tinha sempre dois problemas para cada solução. (Zeca Ildefonso)

357. Era pequenino, mas com um grande coração. Morreu de "angina pectoris" (Zeca Ildefonso)

358. Vivia numa tristeza só. Sua sogra era Dona Esperança, a última que morre. Conformou-se. A do amigo era a Dona Perpétua. (Zeca Ildefonso)

Eclesial cearense

355. Diante da imagem sangrenta de Cristo descido da cruz o menino cearense comentou baixinho: "morreu de peixeira". (Pablo Rico)

Do teclado do Pedro Pelarin

349. A noiva caminhava tão devagar em direção ao altar que dava a impressão de querer prolongar sua condição de solteira. (P. Pelarin)

350. A situação estava difícil. Fez um "chá de cozinha". Só recebeu pano de prato. (P. Pelarin)

351. Um mês antes do casamento tiveram que "discutir a relação": Ele queria apenas os parentes. Ela fazia questão de convidar também os amigos. (P. Pelarin)

352. No jogo de buraco ele sempre se enterrava. (P. Pelarin)

353.Ela pediu par, ele chamou impar. Empataram. (P. Pelarin)

354. Vendia bugigangas de porta em porta e dizia, logo de início, que era ex-presidiário. Usava o tal de "marketing agressivo". (P. Pelarin)

Vitórias

348. "Vencer ou vencer" [Collor]. "Vencemos" [Caras pintadas] (P. Pelarin)

quinta-feira, junho 02, 2005

Um único do Pelarin

347. Publicitário premiado, quando viajava, sempre pagava excesso de bagagem. Era o peso do seu ego. (P. Pelarin)

Eclesiais again

343. Os pecados dos coronéis eram remidos por penitências... e doações. (P. Pelarin)

344. Para a confissão, tinha tantos pecados que os levava por escrito. (P. Pelarin)

345. Para não haver divergências, os padres da paróquia eleboraram tabela única de penitências. (P. Pelarin)

346. Bota mais que não é teu. Sussurrou o padre ao coroínha que derramava o vinho no cálice. (Pablo Rico)

MC ou acróstico

Este foi enviado por Eliane Camargo. É microconto? É um acróstico? Respostas para a redação.

342. Homenagem aos aposentados do Senac:

S em
E ste
N úcleo
A casa
C ai !!!!
(Eliane Camargo)

Anjos de procissão



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Mais outros três da Zezé

339. Sua roupa de anjo era linda, tule suíço, arminho francês. Acompanhava o andor em fervorosa devoção. Rezava para que o santo não caísse. (Zezé Pina)

340. Abriu as cortinas e deixou que a luz do dia visitasse a sala. Agora não estava mais sozinha. (Zezé Pina)

341. Atrás da cortina de fumaça, deixada pelo cigarro que fumava, a mulher escondia uma lágrima de tristeza. (Zezé Pina)

quarta-feira, junho 01, 2005

Vinho recomendado pelo Tonhão



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Penúltimos eclesiais

Com esse bando de ex-seminaristas, ex-padres, ex-coroinhas e anti-clericais parece que os mc's eclesiais não se esgotam. E olhem que o Cordão não deu o ar da graça. É possível que apareçam mais outros. Publico aqui os penúltimos e convido todos para uma saideira com a bebida recomendada pelo Tonhão: Vinho Canônico.

330. A disputa entre as igrejas era acirrada. Numa, guardava-se como relíquia penas da pomba do Espírito Santo; na outra, gotas "in vitro" do leite de Nossa Senhora. (Pablo Rico)

331. Viviam lhe dizendo que se a hóstia fosse mordida a boca se enchia de sangue. Desafiou os amiguinhos. Mordeu. (A. Morales)

332. Recorreu ao Santo Antonio para arranjar namorado e ao Pai de Santo para mantê-lo. (P. Pelarin)

333. Na eucaristia da missa das onze, a hóstia era o tira-gosto e o vinho o aperitivo. (P. Pelarin)

334. Farmacêutico eclético, tocava órgão na igreja e piano no puteiro. (P. Pelarin)

335. No leilão da quermesse, pagou mais pelo frango assado da Mariquinha que pelo leitão do coronel. Na verdade, era ela a prenda que queria. E ela nem percebeu. (P. Pelarin)

336. No presépio vivo, Menino Jesus era uma menina. (j. novelino)

337. Fingindo dobrar paramentos, o sacristão é todo ouvidos para os cochichos do vigário com a benfeitora da matriz. (j. novelino)

338. O vigário não faz casamentos de pobres, deixa-os para o coadjutor. (j. novelino)_

Folguedos juninos

327. A quadrilha andava solta na festa junina. (P. Pelarin)

328. Não houve casamento. Pedro fugiu com a noiva. Mas Antonio não devolveu o dote. (P. Pelarin)

329. Mariquinha, tirando o vestido de noiva: "pena que foi só brincadeira junina!" E o "noivo", bebendo mais um quentão: "bem que podia ter lua de mel!" ( P. Pelarin)